Jornada 13. De ironia, em vez de azar!
Não foram 60 mil, mas andou por lá perto, o número de benfiquistas que esta noite se deslocou à Luz (hoje com a novidade de se ter transformado numa árvore de Natal gigante) para assistir a um bem disputado jogo de futebol, e pedir o 39 aos jogadores.
Pediu-se, é certo. Mas, na verdade, pelo que o jogo deu e exigiu dos adeptos, quase que não deu para isso. Os jogadores precisaram de tanto apoio das bancadas para ganhar o jogo que nem sobrou tempo, nem empolgamento, para insistir muito no pedido do 39.
Praticamente desde o apito inicial do árbitro Miguel Nogueira - de Braga, mas de Lisboa para arbitrar - se percebeu que nem o Benfica estaria em grande noite, nem o Vitória (de Guimarães) estaria ali para entregar os cordelinhos do jogo, ficar lá atrás à espera do que acontecesse. Logo nos primeiros minutos se viu que o jogo seria duro, disputado, dividido e equilibrado. Equilíbrio à custa de menos Benfica, e de mais Vitória.
Menos Benfica por falta de inspiração, individual e colectiva, faltava sempre qualquer coisa, fosse na última decisão, fosse na execução. Mais Vitória porque os jogadores disputaram todos os lances como se fosse o último, lutaram sempre mais e, por isso, ganhavam a maioria das bolas divididas e dos ressaltos. Isso empolgou-os!
Com Kokçu impedido, por cumprimento de castigo pelo quinto amarelo visto em Arouca, Lage optou pelo improvável Leandro Barreiro para o seu lugar, regressando o Benfica à dupla Florentino-Barreiro tão criticada nos tempos de Schemidt. Não terá sido por isso que a exibição não era brilhante, mas isso também terá tido a sua contribuição, mesmo que o internacional luxemburguês não tenha comprometido. Pelo contrário, safou um golo, logo no fim do primeiro quarto de hora, contribuiu decisivamente para o único golo do jogo e, quando saiu - porventura na altura em que deveria ter entrado - o que mais se notou foi a sua falta.
O Benfica tinha mais bola, mas era a equipa de Guimarães que era mais dinâmica quando a tinha. O Benfica rematou pela primeira vez aos 25 minutos- já o adversário ia com três - por Di Maria, que saiu ao lado do poste direito de Varela. E marcou menos de cinco minutos depois, próximo da meio hora, no primeiro remate enquadrado com a baliza. Que seria aliás o único em todo o jogo.
Marcou no primeiro remate enquadrado, mas também na única jogada construída com cabeça, tronco e membros. Na única em que nada falhou, em que as decisões foram todas correctas, e correctamente executadas, numa transição ofensiva rápida e bem desenhada, a apanhar o Vitória em contra-pé. Leandro Barreiro combinou com Pavlidis, que abriu em Akturkoglu, solto na esquerda - lado contrário - que rematou de pronto, em jeito, fazendo a bola entrar junto ao poste mais próximo, de Bruno Varela. Se alguém falhou foi Varela, que ainda defendeu o remate mas para dentro da baliza, embora tenha como atenuantes a espontaneidade e a violência do remate. E a opção de Akturkoglu pelo primeiro poste, quando o destino mais normal da bola seria precisamente o segundo.
A partir do golo o jogo tombou mais para o Benfica, e esperou-se o segundo, da tranquilidade. E eventualmente da alteração das bases do jogo, e particularmente da resistência do adversário. Esteve eminente em dois remates de Akturkoglu e Pavlidis, desviados acidentalmente do caminho das redes, e essa esperança passou para a segunda parte.
Em vão. A segunda parte foi apenas ainda pior. Na realidade a maior - e a única verdadeira - oportunidade de golo coube ao Benfica, já ao minuto 77, na única jogada que conseguiu construir na segunda parte, em que Akturkoglu serviu de bandeja Pavlidis, que incrivel e inacreditavelmente não acertou com a baliza.
Só a partir daí o Vitória perdeu algum ímpeto, e as bancadas, percebendo a importância de segurar aquele magro 1-0, começaram a puxar pela equipa para a agarrar ao resultado. Antes, até aí, foi o susto permanente. Não que o Vitória criasse situações de golo - a única eminente resultou de mais um erro, desta vez de Florentino, que isolou um adversário, quando Otamendi, ao tentar interceptar o cruzamento, conseguiu evitar introduzir a bola na própria baliza, acabando ele próprio espetado contra o poste. Mas porque o Benfica simplesmente não conseguia controlar o jogo, nem domar o ímpeto vimaranense.
Há jogos assim. Daqueles que só têm que ser ganhos. De que não há mais nada a esperar. Por mim não gosto muito deles, e não consigo dourar-lhe a pílula. Houve muita coisa mal, mesmo em Lage. Que nunca pareceu entender-se com o jogo. E falhou as substituições, especialmente logo a primeira, a meio da segunda parte, de Barreiros por Amdouni, que apenas agravou a assustadora primeira meia hora da segunda parte.
Como esta jornada, com a derrota do Sporting em Moreira de Cónegos, e o empate (podia ter sido pior, não tivesse o Diogo Costa defendido aquele penálti) do Porto em Famalicão - perdendo curiosamente ambos os rivais os mesmos (e únicos) pontos que o Benfica tinha perdido precisamente nesses dois campos - caiu que nem mel na sopa, provavelmente poucos se lembrarão das dificuldades deste jogo.
Não foi de azar a jornada 13. Foi apenas de ironia!