Mais que três pontos. E muito mais que a imbecilidade das tochas!
Noite de festa, de verdadeira loucura na Luz, cheia - à beira dos 65 mil - para assistir ao mais desequilibrado dos clássicos dos últimos largos anos.
Foi festa porque o Benfica jogou à Benfica, como prometera Bruno Lage. Quando isso acontece há festa na Luz, mesmo que uns imbecis a queiram estragar.
O Benfica desta noite, na Luz, não foi apenas uma equipa a jogar bem, e a dominar claramente o Porto, que não é coisa a que estejamos muito habituados. Foi uma equipa inabalável, à prova de bala. E isso, depois do que aconteceu na passada quarta-feira, em Munique, é sensacional!
No fim, depois de um jogo em que o Benfica dispôs do Porto como bem entendeu, e goleou por 4-1, ninguém se lembra dos contratempos que atingiram a equipa. Não foram poucos, e a equipa passou por eles como se nada fosse.
O Benfica entrou bem no jogo, demonstrando que não estava ali com medo de nada, nem de ninguém. Só que logo os energúmenos das tochas fizeram parar o jogo, interrompendo aquela entrada.
Logo que a fumarada desanuviou, o jogo foi retomado, a equipa voltou a agarrar no jogo, e Di Maria poderia ter marcado. Pouco depois, pelos 18 minutos, o árbitro, João Pinheiro - pois, já não há Artur Soares Dias - resolveu apitar para assinalar uma falta sobre Aktürkoglu, já depois de ele se ter desembaraçado do adversário faltoso, se isolar na área portista e assistir Pavlidis para marcar. Um golo bonito, com o avançado grego a picar a bola sobre Diogo Costa. As leis do jogo mandam deixar seguir a jogada, até ao seu desfecho. Mas mandam também não beneficiar o infractor. João Pinheiro esteve-se nas tintas para isso tudo, e o golo não contou. Nem pôde sequer chegar ao VAR. No livre que João Pinheiro assinalou para evitar o primeiro golo do Benfica, foi Diogo Costa a evitá-lo, com uma grande defesa. Mas a equipa não descompensou, e continuou a jogar bem.
E lá chegou o golo, ainda antes da meia hora, por Carreras, que minutos antes parecia ter sido atirado para fora do jogo, com um pé em muito mau estado. E o Benfica continuou, cada vez mais a acentuar a sua superioridade no jogo. Mas o segundo golo não chegava. Aos 40 minutos o remate de Pavlidis levou a bola a bater no poste, e a sair para a frente, em vez de entrar.
Estávamos nisto quando os imbecis das tochas voltaram a aparecer, e a fazer voltar a parar o jogo. Ainda a fumarada estava no ar, e já em cima do intervalo, Otamendi cometeu uma hesitação de principiante, Trubin foi enganado - mas não o poderia ter sido - e ambos ofereceram o golo do empate ao Samu.
E o jogo, que poderia já estar resolvido no marcador, foi para intervalo empatado.
Poderia pensar-se que o Porto aproveitaria o empate que lhe caíra do céu para surgir na segunda parte a discutir o jogo, olhos nos olhos. Nada disso, o Benfica de hoje nunca se deixou abater, e arrancou ainda mais forte. E mais dominador.
O segundo golo não tardou muito. Nem 10 minutos. Grande passe de Aursenes, e desmarcação e finalização sublime de Di Maria. E o Benfica continuou a não deixar Diogo Costa em paz. Cinco minutos depois marcou o terceiro, em mais um lance de compêndio: Tomás Araújo, num grande passe em profundidade lançou Bah, que cruzou para Pavlidis surgir desmarcado na cara de Diogo Costa, a desviar para o funda da baliza. Há quem diga que foi Nehuén Pérez que introduziu a bola dentro da própria baliza, para tirar o golo ao avançado grego.
O quarto foi sendo adiado por mais vinte minutos. Surgiu aos 80 minutos quando, aflito, o Varela acertou com um pontapé no pescoço do Otamendi. Penálti - apenas o segundo do Benfica no campeonato - cobrado magistralmente por Di Maria. João Pinheiro esqueceu-se do segundo amarelo a Varela, que o punha na rua.
Não foram poucos os contratempos, como vimos. E o mais frequente nestes clássicos é vermos a equipa sossobrar-lhes. É por isso que esta vitória, com esta exibição, com esta demonstração de personalidade, e com esta goleada, vale mais que os três pontos de qualquer das outras.
O que não vale - não pode mesmo valer - é a impunidade dos imbecis das tochas. É da maior urgência resolver isso. E começa a não ser aceitável que não se resolva!