Mais uma reviravolta. Também não é novidade!
Esta noite, Estádio do Algarve, contra o último classificado, o Benfica fez a pior exibição desde que Bruno Lage tomou conta da equipa, há cerca de dois meses. Ao nível das do tempo de Schemidt. E não das menos más, mesmo das piores.
Sentiu-se Schemidt, ao ver o jogo. Sem "energia", na linguagem de Lage. Traduzido, quer dizer sem velocidade, sem intensidade e sem inspiração.
Lage voltou "ao seu onze", com Florentino de regresso à equipa. O que quer dizer sem Beste. E como Aktürkoğlu, à imagem dos últimos jogos jogou mais perto de Pavlidis, desta vez nas profundezas da defesa do Farense, todo o corredor esquerdo ficou por conta de Carreras. Seguramente o jogador do Benfica em melhor forma.
Os jogos do Benfica nas competições nacionais raramente têm alguma coisa de novo. É sempre a mesma coisa: o Benfica ataca, é dono da bola - o que faz com ela é que muitas vezes varia -, o adversário defende com a equipa toda em cima da área, e espera que surja uma oportunidade para um contra-ataque, na esperança que marque um golo logo no primeiro; e a arbitragem marca faltas ao contrário, guarda os amarelos para mostrar aos jogadores do Benfica quando protestem, assinala foras de jogo sem esperar pela conclusão da jogada - não vá acabar em golo e depois já nada haja a fazer - e nunca tem dúvidas que não há penálti nenhum.
Hoje voltou a ser tudo assim. Quando o primeiro quarto de hora expirava surgiu o primeiro contra-ataque do Farense ... e golo.
Se o primeiro quarto de hora já tinha mostrado que, a jogar assim, seria difícil bater o excelente Ricardo Velho, atrás no marcador mais difícil ficava. Carreras, servido por Akturkoglu, empatou volvidos meia dúzia de minutos, ainda dentro na metade inicial da primeira parte, e o jogo prosseguiu na matriz habitual, atrás referida. Mas com o Benfica sem brilho e sem intensidade.
Ao intervalo Lage tirou Bah, certamente "tocado", para entrar Beste para a ala esquerda. E não, não foi Aursenes fazer de lateral direito. Ficou a jogar com três defesas, com Tomás Araújo (outro a distinguir-se da mediania) a tomar conta do lado direito, e Carreras, que já tinha sido o melhor da primeira parte naquelas funções, passou a ser ainda melhor com Beste à sua frente, jogando mais por dentro, com forte impacto na construção de jogo. Apetece dizer que o melhor que Beste dá à equipa é ... Carreras.
A segunda parte abriu com o jogo a acelerar, e com o Farense a arriscar um bocadinho. Olhava-se para o jogo e lembrávamo-nos de Rafa. Lembrávamo-nos como a equipa perdeu o "momento" da transição ofensiva. Nunca mais teve quem saísse rápido, quem invadisse aquele espaço nas costas das defesas nos momentos de maior atrevimento dos adversários.
Voavam-me por aí os pensamentos quando, à segunda oportunidade - uma defesa monumental do guarda-redes do Farense negara o golo a Pavlidis pouco antes -, e ainda dentro dos 10 minutos iniciais, o grego marcou. Curiosamente numa transição rápida, não daquelas do Rafa, mas num contra-ataque conduzido por Di María, com um grande passe a desmarcar Akturkoglu, que serviu de pronto Pavlidis, que encostou para o 2-1.
Foi notório que a equipa procurou o terceiro golo. Mas por pouco tempo, quando ainda faltava tanto. Desistiu disso cedo de mais, para passar a tentar controlar o jogo e o resultado. Sabe-se no que isso dá...
Nos últimos minutos o Farense acreditou que podia empatar. E até o poderia conseguido, já no nonagésimo minuto, quando a bola cruzou toda a área de Trubin sem ninguém lhe chegar. Dessas, e doutras, também o Benfica teve. Mas bastaria que o diabo estivesse atrás da porta para o caldo se entornar.
Há uns dias, quando me começou a parecer que a equipa estava a perder gás, um amigo dizia-me que não havia razão para preocupações, que isso fazia parte de um programa para atingir um pico de forma no jogo com o Porto. Hoje, e depois de na última quarta-feira o jogo se ter salvado por 10 minutos que correram bem, ficam-me algumas dúvidas.