Maldita covid
O Benfica regressou hoje às vitórias, ganhando por 2-0 na Luz, ao Rio Ave, mercê da sorte do jogo na primeira parte, e de uma exibição já aceitável na segunda.
Na primeira parte, à excepção dos primeiros 10 minutos, em que até teve uma bola nos ferros, precisamente no ângulo entre o poste (direito) e a barra, num remate de Everton que merecia golo, o Rio Ave foi sempre melhor em todos os capítulos do jogo, mesmo que apenas com um terço da posse de bola.
Nos insucessos desta época, e particularmente na Luz, o Benfica tem sempre podido queixar-se de o adversário marcar sempre na primeira vez que chega à baliza. Foi quase sempre assim, a jeito de cada cavadela cada minhoca. Tivesse hoje sido assim e provavelmente estaríamos agora a lamentar mais um desaire. Não foi. O Rio Ave teve - também - uma bola no poste, e teve ainda mais três oportunidades claríssimas para marcar. Quatro, ao todo, contra apenas aquela do Everton para o Benfica.
Mas nem foi só isso, nem o Rio Ave apenas rematou o dobro do Benfica. Deu um verdadeiro banho de bola.
Sabemos que a culpa é do covid. É pelo covid que a equipa não joga nada e é vulgarizada por qualquer adversário. É também por culpa do covid que a equipa não sabe o que fazer com as bolas paradas, as únicas ocasiões que, depois dos 10 minutos iniciais, o Benfica teve para responder ao melhor futebol do Rio Ave. Foi simplesmente ridícula a forma como foram cobrados os cantos e os três ou quatro livres laterais de que a equipa dispôs.
Sabe-se lá por quê, o covid foi para os balneários ao intervalo e ficou lá. Não regressou, e a segunda parte foi outro jogo completamente diferente. Mesmo sem nunca chegar - nem lá perto - a um nível exibicional que satisfaça os adeptos e galvanize os jogadores, o Benfica superiorizou-se claramente ao adversário que, pelo tempo que demorou a regressar ao relvado, parecia estar a adivinhar o que iria suceder. A não ser que se tenha atrasado apenas para não se cruzar com o covid que tinha ficado nas cabines.
No primeiro quarto de hora da segunda parte o Benfica fez o dobro dos remates que fizera na primeira, e criou o triplo das oportunidades de golo, com o Rio Ave sem conseguir sair da sua área. Porquê tamanha diferença? Pelo covid?
Não. Apenas porque os jogadores puseram intensidade no jogo, coisa que nunca tinham feito na primeira parte. O primeiro (Seferovic) chegou mesmo no fim desses primeiros quinze minutos, e já era sobejamente justificado. Esperar-se-ia que o golo espevitasse os jogadores, e os fizesse embalar para uma exibição bem conseguida. Fosse pelo tempo que demorou a validar, que arrasa por completo os factores motivacionais do golo, fosse pelo covid da primeira parte, o que se seguiu ao golo não bateu certo com o que o antecedera, e o Rio Ave teve oportunidade de se mostrar e de lembrar o que fizera até ao intervalo.
Foi sol de pouca dura, o Benfica conseguiu reequilibrar-se, também com as substituições que, desta vez viradas para o desgaste da condição física dos jogadores, bateram certo. Mesmo que a saída de Waldschmidt, que não está fisicamente muito castigado, e que estava então a jogar bem, tivesse sido pouco compreensível.
O segundo golo (Pizzi, que entrara na primeira leva para o lugar de Taarabt) apareceu já à entrada do quarto de hora final, depois de dois ou três falhanços (de Seferovic e do próprio Pizzi), e antes de outros tantos e de mais duas ou três grandes defesas do guarda-redes vila-condense, que até é polaco, nos dez minutos finais.
Pode ser que o covid se vá embora de vez. E que agora só falte mesmo jogar mais um bocado à bola.