Maleitas escondidas com rabo de fora
A selecção nacional mantém aberta a perspectiva da presença no campeonato do mundo de futebol, no final do ano. Lá para o Natal porque, depois de terem obrigado a tanta coisa, os petrodólares do Catar, mesmo que cheirem mal, também a isso obrigam.
Afastada a Turquia, esta noite no Dragão, falta agora; à mesma hora e no mesmo local, dar a volta à ... Macedónia do Norte. Isso mesmo, ganhou à campeã europeia. E a Itália falha o segundo mundial consecutivo, coisa nunca vista.
A selecção apresentou-se com alguns jogadores que não têm sido presença habitual na equipa, o que não quer dizer nada de renovação. De novidade só mesmo o jovem guarda-redes do Porto, Diogo Costa, que é bem capaz de ter acabado com o velho reinado de Rui Patrício. O resto eram repescados, por força das ausências de Cancelo, Rúben Dias e Pepe, e velhos conhecidos de Fernando Santos. Ganhou e teve até momentos em que jogou bem. Mas não apagou nenhum dos males que há muito a apoquentam, e que lhe cortam as asas que a actual geração de extraordinários jogadores lhe dá. Continuam lá, bem vivos.
Como de costume, a selecção até entrou bem. Com Cristiano, claro. E para todo o sempre. Marcou ainda cedo, ao quarto de hora de jogo, e como de costume, em vez de aproveitar o balanço, abanou. E durante largos minutos, à volta do meio da primeira parte, entregou-se à pressão da equipa da Turquia. E de repente passou a perder sucessivamente bola sempre que saía a jogar, não conseguindo ligar uma jogada. O Diogo Costa passou a chutar a bola para a frente, e com a ajuda das segundas bolas, acabou por passar conseguir ultrapassar o problema e voltar a ficar por cima do jogo. E marcou o segundo, já perto do intervalo.
Com 2-0 ao intervalo, estava resolvido, terá toda a gente pensado. Todos, menos os que desconfiam sempre ...
Com a entrada na segunda parte parecia que não haveria razões para desconfiar. Mas rapidamente começaram a surgir sintomas de outro dos males da selecção - adormecer ela própria quando decide adormecer o jogo. Adormeceu - estavam mesmo a dormir - e a Turquia marcou. A equipa, que tinha sobrevivido à pressão turca depois do primeiro golo, não sobrevivia ao seu adormecimento. E de repente, com meia hora para jogar, com aquele golo entregou o ouro ao bandido, como tinha feito com a Sérvia, que a meteu nestas alhadas do play-off.
Mesmo sendo este um bandido um bocado mais fraquinho, poderia mesmo levar o ouro. Até porque, logo a seguir, apareceu um penálti que o VAR não deixou passar. Valeu a Nossa Senhora de Fátima de Fernando Santos, e o Burak Ylmas atirou para a bancada. E valeu a tamanha diferença de qualidade dos jogadores portugueses que, com o adversário adiantado à procura do empate falhado com o penálti desperdiçado, dava para construir sucessivas jogadas de transição que iam pondo em sentido os turcos. E deu ainda para o terceiro golo, já bem dentro dos cinco minutos de compensação.
Mesmo com as maleitas do costume deu para ganhar a esta selecção turca. Como terá que dar para ganhar à Macedónia do Norte, por maior que seja a sensação que transporta na bagagem que traz para o Porto. Mas, se continuarem apenas escondidas e sem ser tratadas, estarão de volta no Catar. E Fernando Santos, hoje bestial - dizem eles -, voltará a ser besta!