Mas é isto ...
Da convenção do partido do projecto pessoal de André Ventura, realizada este fim de semana em Viana do Castelo, ouvi falar de uma tentativa de moderação do discurso, e até do objectivo expresso de abandonar a imagem de "partido" de protesto para passar a uma outra de "partido" de governação.
Na realidade já não ouvi falar de castração química, de pena de morte, de prisão perpétua, nem de ciganos. Mas não faltaram os factos alternativos do costume, como os imigrantes a viverem à custa da segurança social, com o deputado Filipe de Melo a afirmar que vivem do que nós, os nossos pais e os nossos avós com "tanto sacrifício descontaram", quando a realidade dos números é que os imigrantes a contribuíram com 968 milhões de euros em 2021, e com 1.604,2 milhões em 2022. E que essas contribuições são hoje decisivas para a sustentabilidade do sistema.
Nem as promessas de tudo para todos, sem uma única menção ao como e com quê.
Nem um congressista a dizer chamar-se Rui Cruz, ser "um homem", "pai de família", "avô" ... E "fascista". Disse ainda ter 65 anos e ter combatido na guerra. Feitas as contas, e tendo a guerra em que o país esteve envolvido terminado há 50 anos, o homem - "um português que não se resigna", como também se caracterizou - terá partido para a guerra, em África, e desatado a matar "terroristas pretos", logo que concluiu a quarta classe, pressupondo um bom aproveitamento escolar.
Nem outro, esse ainda jovem, e bem posto, de fato e gravata, com todo o ar de português de bem, a afirmar convictamente que concordava em absoluto com as ideias do mestre. "Quais"? - perguntou-lhe a repórter. "Sei lá, eu não consigo ler as ideias das pessoas" - respondeu. Com a mesma convicção!
É isto. Com tanta gente sem perceber o que isto é!