Nada como dantes!
Nada como dantes. O Benfica surgiu em Guimarães, para um jogo decisivo, completamente diferente daquilo que tem sido nos últimos largos tempos.
Tacticamente diferente, com um 4x3x3 que há muito não se via. O Benfica, especialmente nos jogos da Champions, com o Manchester United, tinha já abandonado o 4x4x2 herdado de Jorge Jesus - que Rui Vitória tivera de recuperar logo no arranque da sua primeira época, quando as coisas também não estavam a correr bem - e passado a jogar em 4x3x3. Só que esse era um 4x3x3 de tracção traseira, era um modelo táctico montado para introduzir mais uma peça no meio campo com os olhos postos no reforço da consistência defensiva.
O que hoje apareceu em Guimarães foi o mesmo modelo mas virado para a frente. Com os olhos postos na baliza contrária, montado para atacar, não para defender. E aquilo que era um jogo previsível, com a bola invariavelmente a morrer na meia lua dos adversários, que já todos sabiam como anular, deu lugar a um jogo com mais espaços e muito mais intensidade.
O golo, o 13º de Jonas, voltou a surgir cedo - assinalava o relógio 21 minutos mas, de jogo, por força da interrupção logo aos 4 minutos por desacatos numa das bancadas vimaranenses, pouco mais de dez. E não produziu os efeitos habituais, de desligar a equipa, que esteve sempre por cima durante toda a primeira parte. Criou mais duas oportunidades de golo, sem que o Vitória fizesse sequer um remate à baliza de Svilar.
Na segunda parte o Vitória subiu linhas, aumentou a agressividade na disputa da bola e praticamente abdicou do meio campo para se entregar ao jogo directo. Foi assim praticamente durante toda a primeira meia hora, com mais bola, mais intensidade, mas pouco mais. À entrada do último quarto de hora o Benfica pôs fim a esse estado de coisas, com dois golos em três minutos.
Com o jogo fechado e completamente dominado, a 4 minutos dos 90, reapareceu o Benfica desconcentrado - provavelmente pela indefinição que as duas últimas substituições introduziram na equipa - que permitiu ao Vitória marcar um golo e desperdiçar ainda uma grande penalidade.
Foram meia dúzia de minutos que retiraram brilho e expressão a uma grande vitória num jogo que o Benfica não podia deixar de ganhar. E que esperemos não tenham consequência na retoma que se deseja, e que agora parece começar a ganhar sustentação. Mesmo com esse apagão final, neste jogo nada foi como dantes!