Nada de novo
No regresso da pausa para as selecções, o calendário competitivo trazia hoje o Paços de Ferreira à Luz, para discutir o acesso aos oitavos de final da Taça de Portugal, a poucos dias da deslocação do Benfica a Barcelona, para tratar das contas do apuramento na Champions.
Estes jogos têm sempre alguns condicionalismos. Há jogadores que praticamente ainda não regressaram, especialmente os que se deslocam para o lado de lá do Atlântico, e os que ficaram cá por mais perto, mesmo que presentes parecem muitas vezes ausentes. É normal que os treinadores apostem nos que ficaram a trabalhar com eles, nos que não foram às selecções. Uns, porque nunca lá vão: outros, porque é o seu estado de forma que não dá para tanto. Isto tudo para dizer que não será exactamente a mais fina flor que fica a contar para estes jogos.
Como numa moeda, também aqui há duas faces. Podem não ser os melhores, nem estar no seu melhor. Mas podem entrar em campo com vontade e determinação em mostrar que são tão capazes como os outros. E isso às vezes resolve muita coisa.
Pois bem. Mas na equipa que Jorge Jesus escalou para este jogo - Helton Leite à parte pela tal rotação dos guarda-redes entre o campeonato e a Champions e as taças internas - não havia mais que três caras novas. E mesmo assim, duas delas - André Almeida e Radonjić que, como bem vimos e sentimos, até foi à sua selecção - não eram tão novas como isso. Apenas Gedson era mesmo novidade. O sérvio lesionou-se e arrumou com a questão. André Almeida jogou a central, no lugar de Luvas Veríssimo, hoje mesmo operado ao joelho, em Barcelona. E Gedson apresentou-se sem condição - nem física, nem mental. Nem motivação, já não acredita!
Mas vamos ao jogo. Que não foi muito diferente do que tem sido, mesmo que nunca tenha caído tão fundo como já vimos em tantos outros. Mas com os mesmos pecados capitais - pouca velocidade, pouca intensidade, pouca presença na área e … sem linha de fundo. Mesmo assim o Benfica criou três boas oportunidades para marcar - Everton e Darwin acertaram no guarda-redes e Rafa no poste. E lá se foram…
O Paços fez pouco. Mas no início da segunda parte, naquela do "quem não marca sofre", marcou. Por Nuno Santos, um miúdo do Seixal emprestado ao Paços, que na Taça pode jogar contra o "emprestador". E a coisa ficou preta.
Jorge Jesus reagiu depressa. Mas não parecia nada que bem. Fazia sentido tirar André Almeida, para passar a jogar com a defesa a quatro, e tirar Gedson era óbvio. Entraram Pizzi - e bem -e Taarabt. E parecia que mal. Antes, já tinha entrado Lázaro, que também não tinha entrado bem, para o lugar do lesionado Radonjić. Mas na frente continuava Darwin sozinho, e sem grande jeito para isso de estar sozinho na área. Ainda assim teve oportunidade de enviar uma bola à barra.
Os minutos passavam, o Paços lá ia levando a água ao seu moinho, e não se via muito bem como sair daquele rumo que não levava a lado nenhum. E lá entraram então Seferovic e Gonçalo Ramos, saindo Darwin e... Weigl. Faltava um quarto de hora, e finalmente havia condições para ter gente na área adversária, condição sine qua non para marcar golos a uma equipa que defendia toda em cima da sua grande área.
Três minutos depois apareceu finalmente o golo. E o empate, 23 minutos depois!
Ironicamente não teve nada a ver com as alterações. Na cobrança de um livre, na sequência da enésima falta sobre Rafa - sempre ele - Grimaldo foi simplesmente soberbo. Grande golo!
A partir daí foi outro jogo. E as bolas passaram a entrar. Três minutos depois, Seferovic fez o segundo, de cabeça, e o Paços já não tinha nada a fazer lá atrás. Avançou no campo, e o Benfica repetiu o que fizera ao Braga, há duas semanas. Já só houve tempo para mais dois golos - um a cada 5 minutos (Rafa e Everton).
Nada - portanto - de muito diferente do que se tem visto. Nem nada de novo. Na reviravolta do jogo, os rostos são velhos conhecidos. É por isso que vou cometer blasfémia: e se deixassem o empresário do Darwin fazer o negócio que anda para aí a dizer que tem em mãos?
Se calhar não é boa ideia esticar a corda com isso da cláusula de rescisão. Não parece que Jorge Jesus tire muito mais dali. Não se vê qualquer tipo de progressão. E pelo que vai vendo o Yaremchuk também podia ir para Milão. Neste caso não é a progressão que está em causa. É a regressão a que Jorge Jesus lhe está a impor!