Não é sério. Mas é para levar a sério!
Escrevi aqui há dias sobre a inversão na tendência das sondagens, para responsabilizar a mal disfarçada obsessão de António Costa pela maioria absoluta por esse rumo. O rumo das sondagens indicava então a erosão da vantagem do PS sobre o PSD, confirmando a miragem da maioria absoluta.
Poucos dias depois estamos a ver passar para a opinião pública uma outra coisa completamente diferente. O que a partir do fim de semana vemos é dizer-se que o PSD já está à frente nas intenções de voto, e que a direita irá ser maioritária na Assembleia da República. É uma mudança brusca de mais para não nos levar a torcer o nariz. Há aqui qualquer coisa que não joga bem, a começar pelos números. Nos números que são soltados, com o PS a descer e o PSD a subir, o resultado da soma de ambos desce. Pode acontecer, mas não é normal!
O que está a acontecer é outra coisa. O que está a acontecer é que deixamos de seguir sondagens para passarmos a seguir essa coisa do tracking poll, que a CNN Portugal - é cada vez mais evidente que, de CNN, só tem a taxa de franchising - nos oferece, com um universo de 180 eleitores. Fazer da consulta de 180 pessoas uma sondagem não é sério.
Mas temos que levar a sério. Porque é uma manipulação grosseira dos eleitores, e porque resulta. E o jornalismo, em vez de denunciar, segue na festa. E faz parte dela!