Não foi bonito, não
Esta tarde, em Toulouse, o Benfica escapou a uma eliminação humilhante neste "play off" de apuramento para os oitavos de final da Liga Europa, mas não escapou a mais uma exibição deprimente. Salvou-se o apuramento, mas a prestação da equipa voltou a ser medíocre.
Roger Schmidt apresentou uma equipa estranha - para não lhe chamar outra coisa - para os objectivos que certamente estabelecera para este jogo. Com uma vantagem escassa, de apenas um golo pelo 2-1 da Luz, há uma semana, o objectivo não poderia ser o que, no fim, pareceu ser único - defendê-la. Teria de ser mandar no jogo, dominá-lo, marcar e ganhar. Com a evidente diferença de qualidade para o seu adversário - sim, ganhou no último jogo do campeonato no Mónaco, mas é o 13º classificado do campeonato francês - não poderia ser outro.
Por isso é que é estranha a equipa apresentada. Na defesa a novidade foi o regresso de António Silva, depois do falecimento do avô. De resto tudo normal, até porque é cada vez mais claro que ainda não foi desta que se resolveu o problema do lateral esquerdo, lá terá de estar Morato. O que não é normal é que esteja cada vez menos adaptado.
No meio campo poderia não haver João Neves, em sofrimento pela perda da mãe, no domingo, logo após o jogo. Mas quis jogar, e jogou. E foi extraordinariamente confortado pelos adeptos. Ao seu lado João Mário, como no jogo com o Vizela. Só que este era outro jogo. Pelo que jogara no domingo passado, na frente teria de haver lugar para Neres. Rafa e Di Maria têm, como João Mário, lugar cativo. O nove voltou a ser Tengstedt, e a equipa acabava por ser de quatro jogadores para defender e seis para atacar.
Poderia parecer uma equipa para atacar, dominar o jogo e ganhá-lo. Mas era apenas uma equipa partida a meio, com tudo a cair em cima de João Neves, agarrada a todos os santinhos para defender o 0-0..
Enquanto, na primeira parte, o Benfica conseguiu impor a superioridade técnica dos seus jogadores, e com isso ter bola, ainda foi possível disfarçar um bocadinho que as duas metades estavam escaqueiradas. Ainda deu para três boas oportunidades de golo, desperdiçadas por Rafa, Di Maria e António Silva. Os jogadores do Toulouse encolhiam-se e só davam uns "safanões" de vez em quando. Quando o faziam, usando o poder físico, e a velocidade e explorando as faixas laterais, os problemas da equipa do Benfica ficavam à mostra.
O pior foi quando, "perdidos por um perdidos por cem", à medida que o tempo avançava pela segunda parte dentro, os "safanões" passaram a ser constantes. Aí é que já não deu para disfarçar nada. As alterações de Schmidt ao intervalo não só não mudavam nada de estrutural - Morato e Tengstedt ficaram no balneário para entrarem Alvaro Carreras e Cabral - como correram mal ao nível da prestação individual.
Aursenes (para a saída de Neres) só entrou a 20 minutos do fim, já não havia por onde colar a equipa. E Kokçu, a 5 minutos do fim, por troca com Di Maria, já só entrou para servir de "bombeiro".
Não foi bonito, não. Foi mesmo feio de mais, e valeu Trubin e mais uns santinhos quaisquer.