Não havia necessidade... Não há necessidade!
Socorro-me do velho diácono Remédios para deixar uma mensagem aos jogadores do Benfica: "meus amigozz, não habia nexexidade"...
Não havia necessidade nenhuma de fazerem sofrer os 60.667 que estivemos na Luz durante tanto tempo. O Port(o)imonense tinha avisado ao que vinha, e portanto só havia que começar o jogo da forma com que o acabaram. Mesmo que - lá está, outra vez - uma equipa jogue o que a outra deixa!
A equipa algarvia nem sequer se apresentou na Luz com autocarro, mesmo que tenha alinhado com uma defesa de cinco unidades. Não, foi uma equipa super defensiva, fechada lá atrás. Tapou todos os espaços, é certo, mas nunca foi com autocarros. Foi simplesmente pressionando os adversários e tapando linhas de passe, que a fraca mobilidade dos jogadores do Benfica lhes permitia adivinhar.
Foi a passividade e a falta de dinâmica com que o Benfica entrou em jogo que permitiu aos jogadores do Portimonense adivinhar os lances e ganhar sistematicamente a bola. Depois, com bola e sem pressão adversária, como são jogadores que a sabem tratar, começaram a criar dúvidas nos jogadores do Benfica. E logo a seguir nervosismo. Muito nervosismo, que rapidamente começou a passar para as bancadas.
A primeira parte foi exactamente isto, com o Benfica a perder sucessivamente a bola, incapaz de mais de dois passes seguidos, e o Portimonense a trocá-la com propósito e a criar desconforto em cada vez que saía para o ataque.
Tudo poderia ter sido diferente se Seferovic tem marcado logo aos 8 minutos quando, isolado frente ao guarda-redes, lhe entregou a bola num chapéu que ficou curto. Só por mais duas vezes o Benfica criou alguma coisa a que se pudesse chamar oportunidade para marcar, tantas quantas logrou a equipa de Portimão, só que bem mais claras, bem mais oportunidades de golo.
Esperava-se um Benfica diferente para a segunda parte, ainda com as memórias de Braga bem frescas. Esperava-se que Bruno Lage fizesse do intervalo uma cura de sono, e que a equipa invertesse os dados do jogo, que eram claramente favoráveis ao adversário.
Mas... nada disso, e a segunda parte arrancou como se não tivesse havido intervalo. Um livre de Samaris logo no arranque deu apenas numa grande defesa do guarda-redes, e logo a seguir o Portimonense voltou a ameaçar. E pouco depois marcou mesmo, gelando a Luz.
Os jogadores do Benfica correram de imediato a colocar a bola no centro do terreno, como que a dizer que tinha chegado a altura de dar a volta aos acontecimentos. O árbitro Soares Dias ainda aguardava notícias do VAR, mas os jogadores nem quiseram saber disso, queriam era partir depressa para corrigir tudo o que de mau tinham feito até ali. O público estava com eles. Nervoso, mas estava com a equipa, a dizer-lhes que não seria por falta de apoio que a reviravolta não aconteceria, mesmo com novo calafrio logo a seguir.
Mas também logo a seguir, aos 61 minutos, já com Jonas (saída de Samaris - péssima a gestão da renovação do seu contrato, diga-se de passagem) em campo, Rafa, "à Rafa" fez o empate. E no minuto seguinte a bola foi à barra e andou ali segundos em cima da linha de golo. Não quis entrar, mas, com a Luz transformada no velho inferno, percebeu-se que o Benfica iria ganhar o jogo. Cinco minutos depois, novamente Rafa consumaria a reviravolta, que um grande corte de Jardel, longos dez minutos depois, consolidaria definitivamente.
A partir desse que foi o momento do jogo, só deu Benfica e, com Seferovic (parabéns, de novo!) a fazer finalmente as pazes com o golo, por duas vezes, e Jonas, por fim, o resultado subiu para uns impensáveis 5-1. Um resultado muito melhor que o jogo, um resultado mentiroso como tantos outros, mas desta vez a mentir a favor do Benfica.
Acabou em festa, mas atenção: O Benfica não pode continuar a dar metade dos jogos ao adversário. "Tantas vezes o cântaro vai à fonte que um dia lá deixa a asa"!
E foi de coração cheio que saí da Luz, a correr, para completar um fim-de-semana de música com goleada do Benfica pelo meio. Que tinha começado em grande, na sexta feira, com os Gift, a jogarem em casa, perante os seus, na Primavera, a apresentarem o Verão. E acabaria já hoje, também em casa, no Pedra Rock, no regresso dos Sidewalkers. Grandes! De rock puro e duro. Como a pedra!