Não perceber nada do que se está a passar
Por Eduardo Louro
Depois de rapidamente esquecida - ultrapassada pelos acontecimentos - a tentativa de reposição dos subsídios vitalícios dos políticos, primeiro grande momento de consenso entre o PSD de Passos Coelho e o PS de António Costa, para proteger o regime não havia nada melhor que a atitude do PSD perante os deputados eleitos pela Madeira, que votaram ontem contra o orçamento.
A frase é de Luís Montenegro, líder parlamentar laranja, e não podia ser mais assassina: "não há nenhuma dúvida de que vai haver consequências". E contou com a cobertura imediata do homem do aparelho - Marco António Costa -, como se penalizar os deputados pelo livre exercício dos seus mandatos parlamentares fosse procedimento normal em democracia. Como se o Estatuto dos Deputados, e a Constituição, não referissem expressamente que "os deputados não respondem civil, criminal ou disciplinarmente pelos votos e opiniões que emitirem no exercício das suas funções e por causa delas"... Como se, num regime democrático a sério, os deputados tenham de responder aos directórios partidários e não a quem os elege...
O líder parlamentar e o chefe administrativo do PSD não estão a perceber nada do que se está a passar no país. Não admira!