Nem sempre nuvens negras dão em tempestade
Depois do desastre do passado sábado, na Luz, esta deslocação a Portimão, para defrontar a equipa da casa na sua melhor fase da época, a ganhar e a marcar golos como nunca, tinha tudo para correr mal. O peso da derrota com o Gil, nas circunstâncias em que aconteceu e com as consequências directas que teve, a boa forma do adversário e a História das duas últimas visitas, conjugavam-se numa mistura altamente perigosa,
As nuvens iam negras e carregadas em Portimão e a primeira parte deixou a tempestade à vista. O Benfica surgiu com aquele futebolzinho bloqueado, lento, macio, denunciado e desinspirado. Com muita bola, mas sem nunca saber o que fazer com ela. Com domínio territorial, mas inofensivo e completamente confortável para o adversário.
Para que tudo voltasse a ser como antes, o Portimonense marcou na primeira oportunidade que criou, à beira do intervalo, numa jogada bem construída, e melhor concluída pelo sensacional Beto, já a estrela da equipa. Mas também muito consentida pela organização defensiva benfiquista, e por Gabriel, condicionado pelo amarelo, em particular. A tempestade perfeita!
Um golo que parecia empurrar a equipa para o inferno, deixando-a sem reacção. Até que, na última jogada da primeira parte, do nada e quando se esgotavam os dois minutos de compensação, aconteceu o empate. Só Pizzi poderia fazer aquele golo, mais ninguém. Aquela recepção, com o remate de imediato, sem precisar do espaço que os jogadores do Portimonense nunca davam, só dele. Não há no Benfica outro para fazer aquilo.
Fez bem à equipa. Que surgiria na segunda parte completamente diferente, muito pela entrada de Darwin, pela saída do regressado Gabriel, amarelado desde muito cedo, e desastrado como (quase) sempre. O jovem uruguaio podia ter marcado logo na saída de bola, rematando por cima da barra, com a baliza completamente à mercê.
Não marcou aí, marcou quatro minutos depois. Também um golo que só ele poderia marcar. Não há outro no Benfica, com aquela capacidade de atacar a profundidade, e de ganhar em velocidade e em capacidade física por entre os dois centrais. E ter ainda força para concluir na cara do guarda-redes.
No primeiro quarto de hora o Benfica criou quatro claras oportunidades de golo. Mas marcou apenas por uma vez, deixando ainda pairar algumas dúvidas sobre o resultado. A perder, o Portimonense subiu no terreno e quis aproximar-se da baliza do Benfica, e chegou até, à entrada do segundo quarto de hora, a assustar, sempre através de Beto, a coqueluche do momento. Mas alterou por completo as condições do jogo, e abriu o caminho ao Benfica para uma exibição bem conseguida, sem nada a ver com a da primeira parte.
Não durou mais que dois a três minutos esse tempo em que o Portimonense procurou levar incerteza para o marcador. Aos 64 minutos Seferovic, em mais um grande golo, a concluir mais uma boa jogada, fez o terceiro golo e acabou com as dúvidas. E, para o Portimonense, com o jogo.
Só deu Benfica. E ainda mais dois golos, com Seferovic a bisar ( e a isolar-se na lista dos marcadores), e Everton, que voltou a jogar mais uns minutos, a fixar o resultado num radioso 5-1. Que as nuvens negras à chegada não deixavam de todo prever.
Ah… sei que há muitos benfiquistas que embirram particularmente com o Pizzi. Mas não temos melhor para fazer o que ele faz. E a equipa precisa do que ele faz.