"No Brasil nunca há problemas"
(Foto: Paulo Novais)
Não é só o governo que não larga as trapalhadas. O Presidente da República não lhe quer ficar atrás, e vai somando e seguindo.
Esta viagem ao Brasil já era mais uma trapalhada de Marcelo ainda antes de ele ter chegado ao aeroporto, ontem, para embarcar. Hoje, mais de 24 horas depois, a trapalhada passa a coisa mais séria. E grave!
A viagem, nas suas próprias palavras, tinha dois objectivos - assinalar o centenário da travesssia aérea do Atlântico, o feito de Gago Coutinho e Sacadura Cabral, no Rio de janeiro; e participar na abertura oficial da 26.ª Bienal Internacional do Livro de São Paulo, onde Portugal é país convidado de honra, em ano de celebração dos 200 anos anos da independência do Brasil. A deslocação a Brasília, a convite de Bolsonaro, estava na agenda mas, nas suas palavras à partida, surgia como uma espécie de complemento.
Isto porque, a poucas horas da partida, surgiu a notícia que Bolsonaro anulara essa visita, em retaliação por, em S. Paulo, o Presidente português se encontrar com Lula, que lhe vai disputar a eleição presidencial, ao que dizem as sondagens, como favorito. Na visita a S. Paulo, da agenda de Marcelo constam encontros com três ex-presidentes brasileiros: Fernando Henrique Cardoso, Michel Temer e ... Lula da Silva. Isto é, o Presidente brasileiro sentindo-se no direito de controlar a agenda do Presidente português, "desconvidou-o".
Marcelo não acha nisso mal nenhum. E não reagiu, limitando-se a dizer à partida, ainda no aeroporto, que não tinha recebido qualquer desconvite, acrescentando apenas o ditado popular que "a casamento e baptizado não vás sem ser convidado". Como, que se saiba, Bolsonaro não teria convidado para nenhum casamento, nem para nenhum baptizado, apenas somou trapalhada à trapalhada do "desconvite".
Já no Rio, a prioridade foi um mergulho - de resto devidamente anunciado como parte da agenda, para que não faltassem câmaras de televisão para captar as suas habituais banalidades - nas híper poluídas águas de Copacabana, onde afogou de vez, qualquer espécie de reacção firme ao desplante e ao enxovalho de Bolsonaro. Em Portugal, o povo que ele representa, também diz que "quem não se respeita não merece ser respeitado". Não tem receita apenas para casamentos e baptizados, também tem receita para respeito!
Não tem é receita para as trapalhadas dos que escolhe para o representarem.
"No Brasil nunca há problemas", disse-lhe o avô. Como toda a gente sabe!