Novos horizontes no campeonato
Desde que Bruno Lage pegou na equipa que sabe, e sabem os jogadores, que não há margem de erro. Os cinco pontos perdidos nos primeiros quatro jogos, sob o comando de Roger Schemidt, tinham-na esgotado. Qualquer passo em falso representaria um atraso na classificação irrecuperável.
Por isso - e Bruno Lage também o verbalizou - era importante jogar bem mas, mais importante que tudo, era ganhar. É verdade que, na maior parte dos jogos, a equipa tem conseguido conjugar os dois objectivos - ganhar e jogar bem -, confirmando o axioma que jogar bem é estar mais perto de ganhar.
Vem isto a propósito deste jogo de hoje em Arouca - de Estádio cheio, como acontece em cada canto do país por onde o Benfica passa - que, no dia a seguir ao Sporting ter perdido pela primeira vez neste campeonato, abria novos horizontes à equipa. Se o objectivo declarado por Bruno Lage era chegar ao fim do ano em segundo lugar, agora não pode ser outro que chegar ao final do ano na frente do campeonato.
O Benfica não jogou propriamente muito bem. A lembrar aquele jogo de Faro, houve momentos em que pareceu que, pior que o síndrome dos jogos pós Champions, é o dos jogos com os últimos. Mas jogou mais do que o suficiente para ganhar, e esse é o objectivo inegociável.
Com onze inicial que vem sendo habitual, o mesmo do Mónaco, o Benfica começou logo de início a querer tomar conta do jogo, mas nunca sem ser avassalador. Nem o Arouca nunca foi um adversário remetido à sua defesa.
Aos 12 minutos o Benfica já ganhava, mesmo sem sequer ter ainda rematado à baliza do guarda-redes do Arouca, o alemão Mantl que já tinha avisado tornar-se figura de relevo no jogo. Foi num auto-golo do central espanhol, Fontán, ao tentar impedir que Pavlidis se encontrasse com o cruzamento de Akturkoglu. A partir daí parecia que o Benfica tinha jogo controlado, mas também parecia que o queria fazer dando a iniciativa ao Arouca.
Não parecia grande ideia. Pelo menos não era uma ideia muito entusiasmante. Mas durou até ao intervalo, com o Benfica a criar mais uma ou duas oportunidades para marcar, mas com o Arouca aqui e ali a incomodar.
A segunda parte abriu com o Pavlidis a conseguir transformar um golo feito numa confusão monumental na grande área do Arouca, mas seguiu logo para um primeiro quarto de hora de quase horror. Bruno Lage assustou-se com aquilo, mandou entrar Leandro Barreiro e Beste para os lugares de Kokçu e Akturkoglu, pondo fim àquele filme de terror. E virou o jogo, para uma última meia hora de melhor qualidade e sucessivas oportunidades para que o marcador atingisse uma expressão de absoluta tranquilidade.
Numa dessas Pavlidis, isolado, voltou a permitir que o Mantl lhe negasse o golo. À bola sobrante da defesa acorreu o Barreiro, chegando lá primeiro. Quando guarda-redes do Arouca lá chegou já só apanhou o pé do internacional suíço, num penálti claro. Tão claro como a transformação de Di Maria.
Faltavam 20 minutos para o fim. Que chegaram e sobraram para mais uma série de oportunidades de golo falhadas. Especialmente por Beste, que na finalização não acertou uma. Mas também para Trubin repetir uma defesa de golo, no cabeceamento a uma bola perdida de Tiago Esgaio. A primeira tinha acontecido logo no início do jogo, com o resultado ainda a zero, quando evitou uma chapelada do Trezza, isolado à sua frente.
E pronto, já são apenas cinco os pontos de atraso para a frente. E com o jogo com o Nacional em atraso. Os senhores da Sport TV é que, como se sabe, não gostam nada disto. Hoje ouviu-se um desses senhores (o Tonel, que comenta os jogos do Benfica e do Porto; os do Sporting é o Vidigal!) dizer que (naquele remate de muito longe, em arco, de Jason, aos 20 minutos) a bola bateu no poste e não entrou. E viu-se anunciarem "o juízo final", onde o José Leirós iria dizer qual a cor do cartão (sugestionando, evidentemente, o vermelho) que deveria ter sido mostrado a Kokçu, quando lhe foi mostrado o quinto amarelo, que o retirará do próximo jogo, com o Vitória, na Luz.
Esperei para ver onde chegava a pouca vergonha. É grande. O tal Leirós disse que o adversário fez jogo perigoso (ao baixar a cabeça), mas que o árbitro tinha entendido que Kokçu foi negligente, e daí o amarelo ....