O bloqueamento do regime
Por Eduardo Louro
As sondagens que se vão conhecendo - não me refiro às sondagens dessa espécie de sempre em pé chamado Marco António Costa - dão a indicação firme que, ao contrário do que sucede pela Europa fora, a bipolarização do regime político em Portugal não revela sinais de dar de si. A governação muda-se do PS para o PSD, com o CDS, especialmente na sua versão PP (Paulo Portas), sempre atrelado, e é esta alternância que há quarenta anos alimenta o regime. E é dela que depende a sua sobrevivência: é sempre preciso que mude alguma coisa para que tudo fique na mesma. É isto o regime!
Sem outro cimento a agarrá-lo, e com os sucessivos fracassos da governação, onde a regra é que a cada mau governo sucede outro ainda pior, o regime está esgotado. Frágil, pronto a cair ao primeiro abanão.
Ao contrário do que se poderia concluir, e por paradoxal que possa parecer, o empate técnico para que apontam actualmente as sondagens pode ser bem mais que esse abanão. É o bloqueamento de um regime que viveu para o seu próprio umbigo. A maioria agora no poder já não o é; nem nunca o poderia ser. Mesmo que, por impensável que seja, ganhasse as eleições, nunca o faria em condições de governar. Ao PS, como provável vencedor, não será fácil encontrar à esquerda soluções para formar governo. E se as encontrar terão sempre grandes dificuldades em resistir aos primeiros meses de exercício governativo. É um problema de genética!
O bloco central é uma tentação. Para muita gente. Para Cavaco, indisponível para dar posse a um governo minoritário, é mais que uma tentação: é a saída que vê para o beco - que não a tem - em que deixou o país. Mas não é mais que isso: uma tentação. Que tapa a última válvula de escape do regime. A seguir implode!