O calor era muito ... Mas não era preciso um banho gelado!
O Benfica recebia o Porto na Luz, à terceira jornada, na condição de favorito, condição que lhe era atribuída pela história recente das duas equipas, e especialmente pela sua consistência exibicional no consulado de Bruno Lage. Nunca nos últimos largos anos o Benfica chegara a um jogo com o seu principal adversário com tanto favoritismo.
A vitória cavaria uma vantagem de seis pontos, que numa fase tão precoce da competição nunca seria decisiva, mas seria certamente muito determinante para as contas do título. Pelos seis pontos à maior, mas principalmente pelo élan que daria à equipa, uma jornada antes da sempre difícil deslocação a Braga.
A Luz era o espelho de tudo isto, cheia que nem um ovo, como vem sendo habitual, e vibrante de expectativa. O jogo, no entanto, destruiria toda a história que esse favoritismo anunciava.
No início parecia amarrado, mas depressa se começou a perceber que não era o jogo que estava amarrado, mas a equipa. Passado que foi o primeiro quarto de hora, sempre com a equipa do Porto muito pressionante sobre a bola e o sobre os epaços por onde ela poderia circular, ainda se mantinha a ideia de um jogo amarrado, que mais cedo ou mais tarde se haveria de soltar. Ao início do segundo quarto de hora essa promessa pareceu ganhar forma, com o Benfica a conseguir sair daquele colete de forças que Sérgio Conceição tinha montado, a começar a conseguir fazer circular a bola e a começar a empurrar o jogo para perto da área portista.
Só que uma perda de bola de Nuno Tavares - que voltou a estar infeliz, como já sucedera no último jogo, justificando-se a entrada de André Almeida, já recuperado e no banco - acabou no primeiro canto para o Porto. E do canto, numa carambola, com o corte de Ferro a levar a bola a bater em Rúbem Dias e a ressaltar para Zé Luís fazer um golo daqueles que se chamam de sorte.
Ia a primeira parte a meio, e equipa do Benfica nunca mais se econtrou.
Esperava-se que o intervalo pudesse mudar o rumo do jogo, mas cedo se percebeu que isso não iria acontecer. Taarabt surgiu no lugar de Samaris - também pouco feliz e fisicamente debelitado depois de um choque na cabeça que o deixou no chão por alguns minutos, sem que o árbitro Jorge de Sousa interrompesse o jogo para lhe ser prestada assistência - mas não se notaram melhorias.
Até porque no primeiro quarto de hora praticamente não se jogou, quase se podendo dizer que a segunda parte começou ao minuto 60. Os jogadores do Porto jogavam claramente com o relógio e com o resultado, coisa com que Jorge de Sousa, mesmo parecendo que se importava, mostrando por exemplo o amarelo ao guarda-redes portista por queimar tempo, não se importava nada. De cada vez que um jogador do Porto se mandava para o chão era falta. Já Rafa era ceifado, atropelado e empurrado mas, quase sempre ...nada.
Não se pode dizer que foi pelo árbitro que o Benfica não jogou mais, e muito menos que não ganhou. Mas que foi mais uma arbitragem habilidosa, foi!
O Porto ganhou bem, e Sérgio Conceição ganhou claramente a Bruno Lage. Anulou bem o jogo interior do Benfica, que vinha sendo o ponto mais forte do futebol do Benfica, e soube aproveitar bem as circunstâncias do jogo. O Benfica nunca conseguiu mostrar capacidade de dar a volta ao jogo, até porque Bruno Lage não foi também feliz nas alterações que foi introduzindo, e que o obrigaram a desiquilibrar a equipa.
Quando fez entrar Taarabt, o Porto parou o jogo. E Chiquinho acabou por se lesionar - e ao que parece com gravidade - já quando o Benfica tinha esgotado as substituições, pela entrada de Vinícius, já na fase de desespero. O segundo golo do Porto, por Marega - que minutos antes tinha falhado uma oportunidade idêntica - a 3 minutos dos 90, acabou por ser consequência do do desiquilíbrio da equipa, no seu forcing final, já com a jogar com dez.
O Benfica ainda chegaria ao golo, no entanto anulado por Jorge de Sousa. Por fora de jogo, que não se percebeu, mas que o VAR confirmou. Como no último jogo tinha feito Carlos Xistra, á revelia de toda a legalidade. Está difícil que Seferovic marque. A contar!
E pronto. De um hipotético cenário com 6 pontos de vantagem, com muitos golos marcados e nehum sofrido, passamos para a realidade de uma igualdade classificativa com o Porto. Com os mesmos 6 pontos, e os mesmos 7 golos marcados e 2 sofridos.
A tarde estava quente, mas a Luz não precisava um banho de água tão gelada.