O dérbi resolveu o campeonato
No dérbi em Alvalade o Benfica não repetiu a exibição da Luz, na passada terça-feira. Por isso, ainda que tenha feito suficiente para ganhar o jogo, perdeu-o. Inglória e imerecidamente, mas perdeu-o. E perdeu hoje o campeonato.
Ao intervalo o jogo estava empatado, com o Sporting a marcar nos primeiros segundos, e o Benfica nos últimos. Começa por aí a história do jogo: ninguém, nos primeiros segundos do jogo, pode ter feito o que quer que seja para justificar um golo; nos últimos segundos já tudo pode ter sido feito para o justificar.
O Sporting apanhou-se simplesmente a ganhar. Tudo começou num erro de António Silva, com um passe à queima para Bah, que o Pote aproveitou. Depois foi a premonição que a sorte estava toda virada para os de Alvalade: um ressalto que podia ter tido um destino qualquer acabou por levar Trubin, em rota de colisão com Otamendi, a desviar a bola para a frente (como na Luz) para Catamo fazer o golo.
Começando o jogo a perder o Benfica teve de se fazer à vida. E fez - repito, sem repetir a exibição da há dias na Luz - mas assegurando o domínio do jogo, e sendo melhor. Muita bola, muitos remates, muitos cantos, mas apenas um golo, e já nos últimos segundos. O Sporting pouco mais fez que limitar-se a esperar. A esperar erros do adversário, a esperar que o Gyokeres resolvesse e à espera que o tempo passasse.
A segunda parte foi novamente diferente. Rúben Amorim voltou a cedo mudar as peças, e o Sporting passou a equilibrar o jogo e a geri-lo, satisfeito com o empate. Nas pequenas coisas, nos incidentes do jogo, a sorte sorria-lhe sempre. A bola sobrava sempre para os seus jogadores (o lance do remate de Gyokeres ao ferro é paradigmático: num "despacho" da defesa do Benfica a bola vai bater violentamente na cara do Hjulmand e teve de ressaltar precisamente para o sueco, sozinho, com a baliza à frente). E, no que podia, o Artur Soares Dias, dava uma ajuda. Como fez, a mais de 25 minutos do fim do jogo, ao perdoar o segundo amarelo ao Hjulmand. Ao contrário do que, mais tarde, fez com Aursenes, hoje o melhor jogador do Benfica.
O Benfica ia criando algumas oportunidades. Golos é que não. A bola ou batia em Coates ou no ferro. Rúben Amorim esgotava as substituições (o Morita e o Gonçalo Inácio não atinavam, o Pote esgotou, e depois o Trincão, e o Hjulmand, tinha de sair, já tinha escapado por duas vezes à expulsão, e seria difícil continuar a escapar) à entrada do quarto de hora final. Schemidt fizera pouco antes a primeira (Tengstedt por Cabral). E ficou-se por aí. Já nos descontos, e já depois de o Sporting ter marcado, fez então duas.
No fim, no primeiro dos seis minutos de compensação, Sporting marcou, e ganhou o jogo e o campeonato. Foi num canto, e a bola interceptada pela defesa do Benfica foi novamente direitinha para o pé do Catamo. O Benfica ainda voltou a ter oportunidade de evitar a derrota. Mas a sorte esteve sempre do outro lado ...