O desenho dos aeroportos
Para quem não estava a perceber o que se vem passando na economia há já cerca de um ano, com a ruptura generalizada das cadeias de abastecimento e a inflação a disparar - também por efeito da guerra na Ucrânia, mas essa começou há quatro meses, já faltavam produtos e matérias primas por todo o mundo, e já a inflação estava a "bombar" - o caos instalado nos aeroportos de toda a Europa e da América, não é só em Lisboa, vem ajudar a explicar.
É o "desenho" da odiável expressão: "percebeste? ou queres que faça o desenho?"!
A pandemia obrigou à paragem das actividades do negócio da aviação, e os respectivos operadores a adequar as suas estruturas a essa realidade. Com o "fim da pandemia" (entre "aspas", pois), rapidamente a procura saltou para 80 a 90% daquela que era a actividade nas viagens aéreas antes da pandemia. E a oferta, que tinha tido de encerrar estruturas e despedir muito pessoal, não estava em condições de reagir à mesma velocidade. Demolir é sempre mais fácil que reconstruir. Parar é sempre mais rápido que voltar a arrancar.
Evidentemente que isto não aconteceu apenas no negócio aéreo. Foi transversal a toda a economia, até com recuperações de procura mais acentuadas. Estruturas desapareceram, trabalhadores que ficaram desempregados deslocaram-se para outras áreas, geográficas ou profissionais. E quando é preciso que a máquina da economia arranque para funcionar em pleno ... faltam peças. O que não falta é procura!