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Quinta Emenda

Tenho o direito de ficar calado. Mas não fico!

Quinta Emenda

Tenho o direito de ficar calado. Mas não fico!

O estado da nossa partidocracia*

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Ao contrário do que pretendiam, ficou a saber-se que os partidos da nossa democracia, que raramente se entendem para o quer que seja do interesse nacional, se entenderam às mil maravilhas para produzir uma lei que lhes facilitasse ainda mais a vida nestas coisas do “guito”. De uma penada os partidos puseram fim a qualquer limitação no acesso a fundos privados, e colocaram-se integralmente de fora do IVA.

Isto é, os partidos legislaram em causa própria, para que pudessem passar a receber todo dinheiro que aparecesse, viesse donde viesse. E, já que já beneficiavam de isenção de IMT, de IMI, de imposto de selo, de imposto sobre doações e sucessões, de imposto automóvel e até taxas de justiça e de custas judiciais, decidiram estender a isenção de IVA de que já gozavam à totalidade das transacções que efectuassem, deixando de entregar o IVA que cobrassem e sendo reembolsados de todo o que tivessem pago.

Para completar o ramalhete, os partidos levaram a lei a uma incursão pelo património imobiliário, colocando a hipótese de se servirem gratuitamente dos imóveis do Estado, sejam eles da administração central, das autarquias locais, do sector empresarial ou da economia social.

Tudo isto sem que ninguém soubesse de nada. Tudo isto sem actas ou qualquer outro registo. Tudo isto sem que se pudesse sequer saber quem propôs o quê, para que todos soubéssemos que sabiam bem o que estavam a fazer.

Em causa não estão apenas largos milhões de euros, o que não seria pouco. Nem a imoralidade com que usam a faca e o (nosso) queijo que seguram na mão. Em causa está a forma como se estão a escancarar as portas à corrupção porque, não haja dúvidas, exemplos de “interesseirismo”- perdoe-se-me o neologismo - e opacidade como os que estes deputados deram, são convites com passadeira vermelha para o crime e o jogo sujo.

O CDS pôs-se de fora. Votou contra, mas só soltou toda a sua indignação quando a bomba rebentou e incendiou a opinião pública. Antes disso, nada! Só então Assunção Cristas achou que era tempo de cavalgar a onda, como só ela sabe. Até aí, o partido que deu a conhecer Jacinto Leite Capelo Rego ao país, achou que não tinha nada a dizer.

Se juntarmos a este episódio os milhões de euros que o PSD recuperou de quotas em atraso, que a imprensa tem vindo a divulgar sem o mínimo sentido crítico, temos o dramático retrato do quadro partidário da nossa democracia.

Não. Os milhões de euros de quotas que no último mês entraram nos cofres do partido não vêm de militantes que de repente passaram a ter dinheiro e motivação para pagar anos de quotas em atraso. Segundo uma notícia do Público, em meados de Novembro apenas 28.739 dos mais de 210 mil militantes tinham as suas quotas regularizadas. Só na concelhia de Lousada do PSD, no espaço de um fim-de-semana, os militantes com direito de voto passaram de 60 para 670.

Sabe-se há muito, com a complacência de todas as instituições, que dezenas de militantes estão registados com a mesma morada, ou que avultadas somas de dinheiro, provenientes sabe-se lá de onde, que surgem do nada, regularizam de uma assentada o pagamento de quotas a milhares de militantes, muitos deles sem sequer se lembrassem que o eram.

É assim que os partidos escolhem aqueles que, depois, nos dão a escolher para governar o país.

É este o estado da nossa partidocracia!

 

* A minha crónica de hoje na Cister FM

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