O fim do Reino Unido
As peripécias do Brexit, em cena há mais de três anos, mostram-nos exuberantemente as diversas faces do populismo, e a da irresponsabilidade em todo o seu esplendor.
À entrada para o fim-de-semana, e cansados de três anos de folhetins sem que a "estória" saia do mesmo sítio, acreditávamos que finalmente União Europeia e governo britânico, ou o que resta disso, tinham conseguido dar corpo a um acordo, e que Boris Johnson seria poupado a fazer-se de "morto numa vala". Estava tudo certo, e só era preciso que o Parlamento britânico, no sábado, aprovasse o acordo finalmente encontrado.
Não aconteceu assim, o Parlamento não se pronunciou sobre o acordo e, em vez disso, aprovou novo adiamento da data do Brexit para Janeiro, obrigando Boris Johnson a formalizar um novo pedido de adiamento, que tinha jurado nunca fazer: "antes morto numa vala". O que esta espécie de criança a brincar aos primeiros-ministros resolveu, numa brincadeira pouco elaborada para a idade, solicitando o adiamento numa carta não assinada, a que juntou outra, essa sim, assinada, a manifestar-se contra o pedido apresentado.
Aquela irresponsável - por impreparada - ideia que David Cameron levou ao Parlamento em 2015, e que conduziu ao referendo de Junho do ano seguinte, deu nisto. E isto não é apenas um impasse que já vai em mais de três anos. É isso, e as ruas cheias de gente contra o Brexit, mas com o miúdo em primeiro-ministro a subir as sondagens. É isso e o fim do próprio Reino Unido em passo acelerado...