O lodo de Marcelo
Na na véspera das eleições, como sempre achando que tudo pode e que tudo lhe fica bem, Marcelo tinha mandado dizer que, não só "o não, é não", como, por ele próprio, o Chega não entraria nunca, em circunstância alguma, no Governo.
Continuando convencido "tudo pode e que tudo lhe fica bem", começou a receber os partidos para, nos termos da Constituição, os ouvir para depois indigitar o líder do mais votado para constituir governo, ainda antes de conhecidos os votos dos portugueses emigrados. Por acaso, e como é sabido desde a noite de 10 de Março, decisivos para apurar os resultados eleitorais. Os tais que darão a conhecer o partido mais votado.
Ontem foi a vez de receber em Belém precisamente o Chega. À saída, André Ventura proclamou de imediato que Marcelo lhe "negou categoricamente" colocar algum obstáculo à sua entrada para o governo.
Ainda André Ventura não tinha acabado de dar a notícia ao país, e de voltar a mandar Montenegro meter "o não, é não" no cu, já Marcelo mandava dizer que "como tem repetidamente afirmado, o Presidente da República não comenta declarações de partidos políticos nem notícias de jornais."
Não confirma ter dito o que Ventura diz que lhe disse. Mas também não desmente. Também não confirma que tenha mandado dizer que não queria o Chega no governo. Mas também não desmente. Refugia-se no "não comenta", logo ele que nada deixa de comentar. Sejam declarações, notícias, hipóteses, suposições, ou efabulações...
É Marcelo cada vez mais enterrado no lodo em que transformou este seu último mandato.