O (mau) exemplo da televisão pública
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Andamos todos - todos os que se preocupam com isso, bem entendido, porque para a maioria no pasa nada - preocupados com a degradação do espaço público da notícia e do comentário quando, na reformulação do espaço de notícia e comentário da estação pública de televisão, o novo director de informação, escolhido pelo governo de Luís Montenegro, escolhe dar palco e luz ao mais refinado produto das redes sociais.
Dando nomes ao bois, na reestruturação (refundação?) da RTP 3, rebaptizada de RTP Notícias -"Todos; Pela Verdade dos Factos" (assim, à antiga e tudo, como deve ser) - Vítor Gonçalves, o director de Informação powered by Montenegro, decidiu recrutar uma espécie de estrela porno da comunicação das redes sociais, chamado Gonçalo Sousa.
O que tínhamos por informação séria e jornalismo já não vai apenas atrás do lixo produzido nas redes sociais, abdicando da confirmação de fontes, do fact check, do tratamento e da edição. Já se manda de cabeça a recrutar os que produzem o próprio lixo.
Só depois de ter contratado o influencer, depois de o ter anunciado num vídeo promocional, e depois de o Conselho de Redacção lhe ter manifestado "preocupação com o impacto ... na credibilidade e na percepção pública do novo canal de informação", é que Vítor Gonçalves deu conta que não tinha sido boa ideia.
Pode dar o dito por não dito, mas não apaga nada. Pelo contrário, abre ao “macho tóxico” as portas das outras televisões. Que, agora com o currículo enriquecido por uma contratação seguida de despedimento na RTP, chamam-lhe um figo.