O monstro autofágico
Em 2013, há apenas dois anos, chocáva-nos que apenas trezentas e poucas pessoas, os trezentos e tal mais ricos, detivessem tanta riqueza quanto metade do mundo, a metade mais pobre. Um ano depois esse número baixava para menos de metade e em 2015, dois anos depois, para 62. Nem mais: hoje, os 62 mais ricos do mundo acumulam uma riqueza superior à de metade da população mundial. E, pelo vistos, isso já não choca ninguém. Pelos vistos, o mundo aceita que assim seja. Pelos vistos, o sistema transformou-se num monstro que conseguiu eliminar todos os obstáculos ao seu crescimento ilimitado e à ganância insaciável dos que o dominam. Mas esqueceu-se de um pequeno pormenor: a ganância tornou-o autofágico. É que a distribuição de riqueza não é apenas um indicador de desenvolvimento. É também um factor central de crescimento económico. E o crescimento económico é o oxigénio do sistema...