O resgate da Argentina
Ao segundo dia da segunda jornada a França tornou-se na primeira selecção apurada para seguir em frente. Frente à Dinamarca, a sua "bête noir", que limpou a pálida imagem do jogo inicial com a Tunísia, num grande jogo de futebol, foi melhor. Mas, acima de tudo, mais feliz.
Porque o jogo foi bem dividido, e basta isso para confirmar os dinamarqueses como a grande selecção que mostrara ser no último europeu. Só uma grande equipa, com bons processos e bem assimilados, consegue dividir um jogo com uma selecção cheia de grandes jogadores, como é a francesa.
Ambas as equipas quiseram ganhar. Fizeram tudo para isso e, quando assim acontece entre duas grandes equipas, só pode resultar num grande jogo de futebol.
A França marcou primeiro, por Mbapé, a concluir uma excelente jogado de futebol, aos 61 minutos. A Dinamarca empatou sete minutos depois, e desfrutou de oportunidades para ganhar a vantagem. Não o conseguiu e, já em cima dos 90 minutos, quando o seu treinador assumiu o velho princípio da bola - se não dá para ganhar o melhor é garantir o empate - foi traída. Mais que por esse princípio, pela felicidade de Mbapé que, no limite do fora de jogo, e em cima do poste direito de Schemeichel, conseguiu desviar a bola com o joelho para dentro da baliza.
Um lance feliz, a garantir uma vitória feliz. Mas que em nada diminui o favoritismo dos franceses!
O outro jogo deste grupo D não teve nada a ver com este. Como as equipas não têm nada a ver com estas. Não teve história, a Austrália ganhou (1-0) à Tunísia e, para já, complica as contas da Dinamarca. Que as simplificará se repetir nesse jogo entre ambas o que hoje fez contra a França.
No grupo C nada está definido.
A Polónia, com muitas semelhanças com aquilo que se passa na selecção portuguesa - tem bons jogadores, alguns, como Lewandowsky e Milik, do que há de melhor, mas sem futebol que se apresente - ganhou (2-0) à Arábia Saudita. Que jogou bem mais, e melhor, mas não conseguiu marcar. Nem de penálti. Pelo contrário, a Polónia marcou dois golos ... em dois remates. O último já perto do fim do jogo, e o primeiro de Lewandowsky num campeonato do mundo, numa oferta de um defesa saudita.
Como a Argentina ganhou ao México, num mau jogo, pelo mesmo resultado, está tudo em aberto. Para todos, mesmo que as coisas estejam muito complicadas para o México, que hoje muito pouco, e apenas para o empate.
Com muitas faltas - e os jogadores procuraram simular ainda muitas mais - acabou por ser um jogo feio ... com golos bonitos. O primeiro de Messi, à entrada do segundo quarto de hora da segunda parte, que aproveitou o espaço que os defesas mexicanos já começavam a dar-lhe para um bom remate, de bem longe. E o segundo, já perto dos 90 minutos, uma obra de arte do nosso Enzo. Que entrou no início da segunda parte para resgatar a Argentina, e levar ao jogo o futebol que até aí não tinha tido. Se Lionel Scaloni ainda não estiver convencido que Enzo Fernandez é indiscutível naquele meio campo, é problema dele.
O nosso é outro, já se vê.