O "resultadismo" nem sempre resulta
O novo confronto de campeões, do mundo e da Europa, desta vez em Lisboa, na Luz, foi um jogo em espelho relativamente ao de Paris, há dois meses, com os campeões do mundo a retribuírem o que então a selecção nacional lhes fizera.
Pareceu que Fernando Santos, com o seu ADN resultadista, procurou jogar para o mesmo resultado de Paris, que provavelmente daria para voltar a apurar a selecção portuguesa para a final four desta Liga das Nações. Só que a selecção francesa sabia evidentemente disso, e que, face ao critério de desempate (numa competição disputada em poule, de todos contra todos, é bizarro que o primeiro factor de desempate entre duas equipas com os mesmos pontos seja o dos golos marcados fora de casa nos jogos entre si) teria de marcar um golo.
E mesmo sem a sua estrela maior - Mbapé - procurou-o, enquanto a equipa portuguesa assistia. Dominou completamente o meio campo, com os seus centro-campistas, do melhor que há, a gozarem de toda a liberdade. A equipa francesa teve mais bola, jogou mais e só não marcou porque Rui Patrício, por duas vezes, e o ferro da sua baliza, noutra, o impediram. E o nulo ao intervalo era bastante lisonjeiro para a selecção portuguesa.
No arranque da segunda parte as coisas pareciam vir a ser diferentes. Não que se acreditasse que a equipa portuguesa tivesse deixado no balneário o chip do 0-0, apenas porque Fernando Santos e os jogadores perceberam que não podiam continuar a entregar o meio campo aos franceses. O meio campo da selecção nacional passou a marcar melhor os adversários, passou a ganhar bola, e a equipa passou a jogar mais em cima da área de Lloris.
Só que logo aos 10 minutos, na primeira vez que os franceses chegaram à baliza portuguesa, marcaram, numa das duas falhas de Rui Patrício, que não segurou uma bola que parecia fácil, soltando-a para Kanté fazer o golo que a França tanto procurara na primeira parte. E aí acabou o jogo. Os campeões do mundo tinham atingido o seu objectivo!
Fernando Santos foi introduzindo jogadores, uns atrás dos outros, e jogou até muito tempo com quatro avançados. Poderia até ter chegado ao empate, num remate de cabeça de José Fonte ao poste, ou noutro de João Moutinho, que entrara para o lugar do William Carvalho, evitado por uma grande defesa de Lloris. Pouco, se compararmos com tudo o que os franceses fizeram.
E muito pouco se olharmos para a qualidade dos jogadores portugueses. Que mais uma vez pareceram castrados pela estratégia do resultadismo, na saga do empate a empate até à vitória final.
É certo que a regra é perder com a França. Só por uma vez, e já há mais de 70 anos, a jogar em casa, Portugal marcou à França. Mas com estes jogadores a História tem que ser outra!