O ridículo que diverte o vírus
Foi hoje decretado no Reino Unido o freedom day. É estranho que alguém declare um dia de liberdade, da libertação do vírus, num dia em que se batem recordes de novas infecções provocadas pelo mesmo vírus. É como estar a anunciar a vitória numa guerra debaixo de bombardeamentos inimigos.
Vimos há uns anos um ministro dos negócios estrangeiros de Saddam Hussain fazer isso, e nem a personificação desse acto no cúmulo do ridículo e da cegueira política lhe garantiu um lugar na História.
Hoje Boris Jonhson prestou-se a esse papel. E para o desempenhar com maior fidelidade ao original fê-lo em isolamento profilático, Tal como o seu ministro das Finanças, Rishi Sunak, e ambos por terem estado em contacto com o colega da Saúde, Sajid Javid.
Não sei se poderia ser mais ridículo. Não seria fácil de escolher entre a réplica ao épico discurso de Churchill no fim da II Guerra Mundial que o actual primeiro-ministro britânico tinha preparado para hoje, e o vídeo que acabou por divulgar, gravado em isolamento, a declarar o freedom day num registo de "gozem a liberdade, invadam pubs e discotecas" ... mas "por favor, por favor, por favor, tenham cuidado." E, "por favor, por favor, por favor, quando forem chamados para a segunda dose da vacina, marquem presença".
Por cá, entre nós, não acontecem destas coisas. Até porque cá "não há ditadura sanitária". Há apenas muita ignorância, e essa não precisa de liberdade para nada.