O suicídio da democracia
Já aconteceu noutras partes do mundo, e ameaça espalhar-se. A democracia já foi vil e violentamente assassinada muitas vezes. Noutras, resolve ela própria o seu destino, suicidando-se. É assim em muitas partes do mundo. É mais assim na América Latina.
Voltou a ser assim, ontem, na Argentina. Desta vez não foi com generais, nem com as ruas inundadas de canhões, foi nas urnas. Não foi assassínio, foi suicídio.
Desiludidos e frustrados com os partidos tradicionais do sistema democrático - e como isto está a acontecer por todo o lado, incluindo por cá - os argentinos elegeram Javier Milei presidente da República. Um extremista que promete fazer da Argentina uma grande potência mundial, com propostas tão extravagantes quanto estúpidas: como a venda de armas "à americana", a venda de órgãos humanos, o fim da educação sexual e a penalização do aborto; ou adoptar o dólar americano como moeda nacional, e acabar com as relações comerciais com o Brasil e a China, os dois maiores parceiros comerciais.
Trump aplaude, de pé. Como Bolsonaro. E como, por cá, se sabe bem quem.