O último adeus
Não faço parte da imensa maioria da turba da bola que ficou surpreendida com o que hoje se passou na Luz, mais uma vez com mais de 50 mil nas bancadas. Tornara-se evidente que, depois de ter perdido Jonas, já lá vai um mês, o Benfica entrara em queda livre. Só faltava saber onde é que iria parar. Em pleno movimento de queda, olhar para a constituição da equipa que Rui Vitória decidiu apresentar, era mais um factor de previsibilidade do que se viria a passar. A lesão do André Almeida, à meia hora de jogo e quando já se via claramente o que o jogo tinha para dar, e a opção (um tal Douglas) para a sua substituição, naquela defesa, transformou o previsível em inevitável.
Se já se percebera que o Benfica tinha regressado ao registo da primeira fase da época, não conseguindo manter o controlo dos jogos, nem um ritmo aceitável durante muito tempo, desligando-se facilmente do jogo e perdendo rapidamente as poucas ideias tinha, este jogo de hoje fez questão de que confirmar essa evidência. Foi o teste do algodão, a prova provada que a regra deste Benfica que se queria penta é esta pobreza, este descalabro técnico-táctico, esta falta de qualidade. A dúzia de jogos bem sucedidos, com bom futebol, que nos alimentaram o sonho do penta são a excepção.
Como naquele período em que perdeu tudo o que havia a perder, entre Setembro e Dezembro, que julgávamos enterrado bem fundo no passado, o Benfica entrou bem e marcou cedo. No primeiro remate do jogo, mal se tinham jogado os primeiros 10 minutos. E durou até ao meio da primeira parte, quer dizer, mais outros 10 minutos.
A partir daí, foi o descalabro. De tal forma que, mesmo sem que o Tondela tivesse feito qualquer remate, o primeiro golo, à saída da primeira meia hora, era já esperado. Não há melhor forma de perceber o que se estava a passar: sem ter feito sequer um remate, já se percebia que o golo do Tondela estava a chegar. Aconteceu numa perda de bola de Cervi - culpa do argentino que não está jogar nada, mas consequência da falta de soluções da equipa - e depois lá estava Luisão, que não merecia passar por isto, para assistir na primeira fila ao bom trabalho do ponta de lança tondelense. Logo a seguir, pouco mais de 5 minutos depois, Varela recebeu uma bola atrasada, complicou e acabou por chutá-la para fora, logo ali. É inacreditável, mas é verdade: lançamento lateral e... novo golo. Ao segundo remate. Mais uma vez com Luisão a assistir, agora literalmente.
Ao intervalo, a substituição do costume. Sálvio entrou para o lugar do desaparecido Cervi, e dispôs logo de duas oportunidades incríveis. Numa delas fez mesmo o mais dfifícil, em frente à baliza, sozinho e a 1 metro da linha de golo, conseguiu mandar a bola para a bancada. Foram muitas as oportunidades de golo desperdIçadas, é verdade. Faltou sorte, mas a equipa não fez por merecê-la. E foi o Tondela que voltou a marcar. Primeiro, um golo que me pareceu mal anulado, e que seria o hat-trick do Miguel Cardoso. E, depois a valer, o terceiro. Em 5 remates!
Faltava ainda a terceira substituição, também a habitual. A entrada de Seferovic, mais uma vez à espera não se sabe de quê, para retirar o melhor - ou o menos mau - dos que estavam em campo: Zivkovic. Qual Pizzi? Qual Douglas? Não, Zivkovic é que era!
Que deu no que sempre tem dado: nada!
Já nos descontos Salvio fez o segundo golo, com que fechou a segunda derrota em casa. Consecutiva. E a do último adeus a um título que seria o penta. Que, percebe-se bem, ou ninguém que manda no Benfica quis, ou todos negligenciaram!