Obrigações seniores: regras novas vícios velhos
Perante um problema de capitalização do Novo Banco, o Banco de Portugal decidiu-se pelas regras que o novo ano vai trazer para esta coisa já corriqueira de acudir aos bancos. As novas regras que aí vêm passam genericamente do bail out (basicamente são os contribuintes a pagar) para o bail in (a factura é basicamente apresentada aos accionistas), e foi isso que o Banco de Portugal - apoiado no BCE - fez, ao capitalizar o Novo Banco em 2 mil milhões de euros com a transferência das obrigações seniores para o BES, banco mau.
Visto assim parece fácil. Parece até que é uma decisão que só peca tardia. Que, se calhar, devia ter sido tomada logo na altura da resolução. Não foi porque, disse-se na altura, era prejudicial ao país: afastava os investidores.
Pois... Mas agora não é assim tão fácil! Não é, porque o Banco de Portugal não tratou por igual aquilo que é igual: as obrigações séniores são todas iguais, não mudam em função das mãos em que se encontram. O Banco de Portugal apenas deitou mão às obrigações seniores detidas por investidores institucionais - que já não se receia afastar - deixando de fora as dos particulares. Provavelmente porque, em boa parte, se trata dos chamados lesados do BES, acabados de calar justamente com esses títulos...
É mais uma demonstração de como o Banco de Portugal continua a correr atrás dos problemas. Sem conseguir agarrar nenhum, deixando-os fugir todos... E na maior parte das vezes empurrando-os ele próprio, como volta a acontecer agora com a litigância que para aí vem.