Oito minutos de pose*
Dificilmente se poderia admitir uma primeira semana do ano mais agitada. Trump achou que, com um impeachment em curso e a dez meses das eleições, o melhor que tinha a fazer era incendiar o Médio Oriente e deixá-lo arder como arde a Austrália.
Sem consultar as instituições, sem estratégia e sem justificação, mandou assassinar altas figuras da estrutura militar do Irão, entre as quais o General Soleimani, mais que uma proeminência do regime, o número dois da teocracia no poder. Acto contínuo disse ao mundo que, para fazer a guerra, não precisava de consultar ninguém. Que lhe bastava informar pelo seu twitter, e que já tinha definidos 52 alvos iranianos, entre os quais lugares históricos e património da humanidade, para atacar em caso de retaliação iraniana. Que, timidamente é certo, aconteceu logo de seguida, com o ataque às bases americanas em Bagdad. Obra das milícias iraquianas, que não exactamente do Irão, mas daria no mesmo…
É então que, pela primeira vez, num mandato que vai já no último ano, com uma assertividade sem paralelo, e em apenas oito minutos, a América apresenta ao mundo o seu famoso sistema de checks & balances.
Oito minutos foi quanto durou esta demonstração. Foi o tempo que Trump demorou a ler o discurso que lhe mandaram ler. Oito minutos de Trump em pose de Estado, mesmo que em cuecas!
* Da minha crónica de hoje na Cister FM