Palavras para quê?
Por Eduardo Louro
Cavaco - anuncia hoje o SOL - já não exige maioria para dar posse ao novo governo. Não sendo frequente que mude de opinião - há mesmo quem diga que é um incorrigível teimoso, que raramente tem dúvidas e que nunca se engana - o que é que o terá feito mudar de ideias?
O que é mudou?
Não estou bem a ver... Estão aqui a dizer-me que o que mudou foram as perspectivas eleitorais da coligação. Não. Não pode ser, não estou a ver que um presidente da República, possa ser tão parcial. Isso seria batota...
Mas já que estão a falar nisso... Então, quando toda a gente pensava que o PS ia ganhar as eleições, Cavaco avisava que só os deixaria governar se tivessem maioria. Porque o país precisa de estabilidade, o que a vitória sem maioria de António Costa não garantia, ainda que tivesse, á esquerda, todo um largo espectro de hipóteses de construir consenos, pontuais ou mais estruturais. Agora, que as sondagens apontam para a vitória da sua coligação, que sem maioria não tem por onde nunca lá chegar, Cavaco vem dizer que afinal pensou melhor, e que não é preciso maioria nenhuma. Nem estabilidade, o que é mesmo preciso é que esta sua gente continue a tomar conta disto tudo...
Como dizia o velho anúncio:"palavras para quê"?