Pioneirismo ou aventureirismo?
Edmundo Martinho aproveitou a tomada de posse como Provedor da Santa Casa da Misericórdia de Lisboa, faz amanhã uma semana, para praticamente confirmar a entrada da Instituição no capital do Montepio.
Estranhamente, não é notícia. Ninguém diz o que quer que seja sobre a entrada da Santa Casa no mundo da banca, obviamente fora do radar daquilo que é o objecto da sua intervenção.
Santana Lopes tinha-se declarado avesso a aventuras, o que poderá não querer dizer que, com ele, o Montepio por ali não se safava. Edmundo Martinho tratou logo de dizer que não se tratava de aventureirismo, mas de pioneirismo.Que é pioneiro, não há dúvida nenhuma. Que não seja aventureiro, há muitas!
O argumento do pioneirismo pode certamente ajudar a chutar para canto questões incómodas sobre a motivação para a entrada da Santa Casa no sistema financeiro, uma área completamente nova, para que nunca esteve vocacionada, e que é tudo menos um mar de águas calmas. Mas há muita dificuldade em disfarçar o aventureirismo de tomar 10% do capital de um banco em dificuldades, com os restantes 90% estão concentrados num único accionista. E muito mais dificuldade ainda em justificar os 200 milhões de euros desse investimento... É que, para que as contas batam certo, o Montepio terá que valer 2 mil milhões de euros. Isto é, pouco menos que o BCP, e mais que o BPI. E isto - toda a gente vê - não faz sentido. Nem numa grande aventura!