Pipis e betinhos
Anteontem a TVI/CNNP concedeu a Luís Montenegro o mesmo espaço que, na semana passada, tinha oferecido a António Costa. No mesmo espaço, na Biblioteca do ("meu") ISEG, e no mesmo formato.
Montenegro nem esteve mal, e o produto televisivo que daí resultou até foi bem menos enfadonho do que o do primeiro-ministro. Jornalistas e comentadores - mais ou menos afectos à sua área política, e mais ou menos ligados ao espaço da sua entourage - elogiaram o seu desempenho televisivo. Tinha sido pouco menos que brilhante, com um se não: o timing. Dizia, boa parte deles, que tinha sido a única coisa a correr menos bem. Que, sendo o Orçamento apresentado no dia seguinte, ele deveria ter adiado a entrevista para depois. Para, então, conhecido o Orçamento, abrilhantar o seu desempenho com críticas objectivas. Que, certamente, com a sua argúcia e o seu estruturado pensamento político, teria então oportunidade de ganhar de goleada a Costa.
Não sei se se prestaram a esse papel por ingenuidade, se por excesso de voluntarismo ou se por incompetência. Talvez por de tudo isso um pouco. Ou muito, mesmo.
É que, do Orçamento, ontem apresentado a tempo e horas, como há muito não se via, já se sabia o suficiente para concluir que não serve para mais nada do que para comer o espaço político deste PSD, de Montenegro. Que, em vez de lhe dar gás, lhe retira oxigénio. Tanto que, do Orçamento, Montenegro só conseguiu falar de "pipis" e "betinhos"!