Poucas novidades e menos surpresas ainda
Por Eduardo Louro
Não há grandes novidades nos resultados eleitorais de hoje. Os partidos que dominam o regime foram bem menos penalizados do que seria necessário. Mas isso já não é novidade…
Como também não é novidade o resultado da coligação de governo levada até às europeias. E que por aí se deve ficar… Novidade é que a conjugação da obrigatória penalização do governo com a miserável campanha que fizeram não tenha dado ainda piores resultados. Porque não é novidade que muita gente continua a votar como se o partido fosse um clube.
O Bloco caiu para metade dos votos e para um terço dos deputados das últimas europeias, há cinco anos. Mas na verdade a queda não foi assim tão abrupta, porque há muito que está em queda livre. Sabe-se bem porquê, e por isso não é também novidade.
Novidade mesmo é o resultado de Marinho Pinto. Que não totalmente surpreendente, a sua eleição era esperada. Porque estas eleições prestam-se a alguns epifenómenos. Porque se trata de uma figura bem conhecida do grande público, por força de uma duradoura e intensa exposição mediática, mas também porque tem um estilo muito próprio, que vai bem com o mercado do voto de protesto. Um estilo apoiado numa imagem de uma certa exuberância salpicada de veemência e frontalidade, que facilmente se pode designar de populismo. Mas que não deixa por dizer as verdades que têm de ser ditas e que o regime esconde. Se a sua eleição não é por isso uma grande surpresa, o mesmo já não se pode dizer da expressão eleitoral que atingiu. O extraordinário score que torna o MPT na quarta força política destas eleições, bem acima do Bloco de Esquerda é, esse sim, a verdadeira surpresa e a grande novidade. Quiçá a única!
Porque nem a abstenção é novidade, está mesmo abaixo dos 70% que chegaram a ser esperados, e dentro da média europeia, nem a meia vitória do PS deixa de ser o que se esperava. Porque Seguro até pode ter ficado seguro, mas não dá para mais que isso. É bom que as bases do PS o percebam, porque a cúpula não está nada preocupada com essas coisas.
O PS vence mas não convence. Não há nenhuma grande vitória, não vale a pena tentar tapar o sol com a peneira... Mesmo com PSD e CDS – juntos não fazem mais que 28% – no pior resultado de sempre!