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Quinta Emenda

Tenho o direito de ficar calado. Mas não fico!

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"Poucochinhas obras valerosoas"

Pedro Nuno Santos: “O PS é hoje a primeira força política em Portugal” –  Observador

Ao contrário de "há 10 anos", a vitória "por poucochinho" do PS nestas europeias fortalece-lhe a cúpula. Desta vez, ao contrário de António José Seguro há 10 anos, Pedro Nuno Santos (PNS) pode clamar vitória. 

Claro que exagerou a fazê-lo - bem mais que Marta Temido, o rosto da vitória - mas sabemos que é sempre assim. Quem ganha, ganha. Mesmo que por "poucochinho". Foi assim nas Legislativas, há três meses, quando Montenegro por "um poucochinho", à luz da participação eleitoral - a abstenção nestas Europeias, ainda que inferior às anteriores e a mais baixa dos últimos 20 anos (graças ao novo instrumento do voto em mobilidade, que se saúda), foi superior a 63% - ainda mais  "poucochinho", ganhou. E voltou ontem a ser assim, numa espécie de desforra.

Quem perde por "poucochinho" não deixa de perder, mas quase não conta. Viu-se como quase não contou para PNS há três meses, saindo cheio de vigor para fazer oposição. E voltou a ver-se com Montenegro a sair cheio de vigor para ... continuar a governar. E abrir as portas do futuro político de Sebastião Bogalho, o rosto da derrota que foi só e apenas rosto.

De resto, estas foram as eleições do "poucochinho".

Foi também por "poucochinho" que o Chega segurou o terceiro lugar no campeonato partidário nacional, no "trambolhão" de 800 mil votos que levou das legislativas de 10 de Março para ontem. Com a IL à perna, e com os mesmos dois deputados eleitos.

Que o Chega perdeu - e com força -, não há dúvidas. Se alguma houvesse ter-se-ia dissipado no final da noite, quando André Ventura empurrou o pobre Tânger Corrêa para a frente das câmaras e microfones.

A IL ganhou, é reconhecido por unanimidade. Mas, ao contrário de PNS, Rui Rocha não tem grandes razões para cantar vitória. E se calhar foi por isso que não cantou. Menos ainda para estar descansado. É que não só ficou demonstrado que este resultado é de Cotrim de Figueiredo, como ficou claro que há anos-luz a separar a capacidade de liderança e mobilização de um, do outro. 

Foi também "poucochinho" o que separou a votação dos partidos da esquerda. O BE teve mais uns "pozinhos" que a anacrónica CDU, e esta, ao contrário de todas as sondagens, mais uns que o Livre. Que, ao contrário dos doutros dois - o BE elegeu Catarina Martins e, a CDU, João Oliveira, perdendo ambos um dos dois deputados que antes tinham no Parlamento Europeu - não conseguiu eleger o cabeça de lista, Francisco Paupério, a "vedeta" da campanha eleitoral que foi perdendo gás, depois de esbatido o efeito-surpresa.

Também aqui, no fundo da tabela deste campeonato, os líderes saem em perda para os cabeças de lista apresentados. Catarina Martins está muitos furos acima de Mariana Mortágua, como João Oliveira está de Paulo Raimundo, por mais impossível que seja a sua missão. Também Rui Tavares saiu a perder para Francisco Paupério. Começou a perder logo no processo de escolha do candidato, continuou a perder quando apenas se colou a ele quando percebeu que estava a ter sucesso. E, definitivamente, perdeu para Paupério na imagem de transparência, coerência e humildade.

Anunciar, como Rui Tavares fez às 8:30 da noite, a eleição do deputado do Livre, e a vitória por essa Europa fora que, de todo, não lhe pertencia foi, mais que um tiro no pé, o sinal de desnorte do "homem só" do Livre nestas eleições. Do céu ao inferno apenas em três meses. Não se ouvindo o estrondo da queda de André Ventura, ela não foi menor.

Quem ganhou sem ter sequer aparecido foi António Costa. Como há dez anos!

Nesta conjugação de factores, com Ven der Leyen praticamente a assegurar a recondução na presidência da Comissão Europeia, António Costa está agora mais perto da ambicionada presidência do Conselho Europeu.

E foram assim estas eleições europeias n´"esta que é a ditosa pátria minha amada". Que Camões, hoje celebrado, cantou "espalhando por toda a parte, com engenho e arte, as obras valerosas daqueles que se vão da lei da morte libertando". 

Que hoje já não são assim tantas. Nem tantos!

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