Prazos
Os adeptos benfiquistas ansiavam pela saída de Schmidt. Todos sabem - sabemos - que, no entanto, a saída do treinador alemão pouco resolve. É um penso numa ferida a sangrar, que tapa o sangue á vista mas não cura nada. Mesmo os que há muito tempo cortaram a sua relação com o ex-treinador do Benfica, e que há muito tempo sabiam que mantê-lo só piorava, sabem que nada ficou resolvido.
Sabem - sabemos todos - que quem quer que aí venha entrará sob desconfiança. Se nunca houve treinadores unânimes, nesta altura não há sequer um nome que possa ser minimamente consensual. E isso tem menos a ver com o nome do treinador - não havendo um grande lote de nomes disponíveis, no sentido da disponibilidade própria, no das finanças do clube, e no da própria credibilidade do actual projecto do Benfica, também não se poderá dizer que não haja uma pequena lista de nomes onde encontrar um mínimo de condições para o exercício da função - do que com a depressão instalada no Benfica, consequência da desorientação geral que se foi instalando nos últimos largos anos na cúpula da "Instituição".
Do esgotamento de um modelo que, depois de ter chegado a "estar 10 anos à frente dos outros", se deslumbrou consigo próprio. E, de repente, ficou "dez anos" atrás.
O Benfica chegou a este estado precisamente por deslumbramento. Vieira deslumbrou-se, mais com o poder que com o sucesso. Rui Costa deslumbrou-se com bem menos, apenas com uma miragem. Não a miragem do poder, que nunca teve, nem tem condições para ter. A miragem do sucesso na escolha de um treinador, que chegou com um soundbyte - "quem ama o futebol ama o Benfica" - tão empolgante quanto o futebol que começou por apresentar.
Vieira deslumbrou-se como um soberano absolutista. Rui Costa como uma criança!
Agora não há grande volta a dar. O novo treinador virá a prazo, como a prazo está Rui Costa. Já sem razões para deslumbramentos, ao menos que Rui Costa se não confunda agora nos prazos.