Preocupante
Por Eduardo Louro
Não acho piada nenhuma que chamem porta 18 a uma operação policial. Pior ainda quando essa é a porta da minha Catedral... Por onde, dizem, entrariam diariamente bandos de colombianos para fazer negócio...
Não acho grande piada a que funcionários do meu clube andem envolvidos em negócios com colombianos. Até achava, se não tivessemos a experiência de os ver fugir todos lá mais para cima...
Mas também - confesso - não seria a coisa que mais me preocupasse. Afinal ninguém nunca poderá dizer que está livre de ter um empregado qualquer que se possa dedicar a negócios com colombianos. Também - se calhar, digo eu - ninguém poderá dizer que consegue controlar todas as portas de todas as instalações, mais a mais quando se trata de uma catedral aberta a tantos fiéis. E infiéis...
Não me choca que só tenhamos tido conta da notícia um mês depois, mesmo que não tenha achado piada nenhuma às primeiras reacções. Um pecado desses, numa catedral destas, deveria chegar de imediato ao conhecimento dos fiéis, mas concedo que até se possam levantar valores mais altos.
O que me choca é que, um mês depois, quando se soube, o presidente do meu clube se venha dizer chocado. Deve ter sido um choque daqueles: um mês depois ainda está em choque... Não admira, conforme ele próprio explica, conhecia o José Carriço - assim se chama o sujeito do negócio colombiano - há muito. Era pessoa de sua confiança, foi o seu motorista durante muito tempo!
E o que verdadeiramente me preocupa é que, no meu clube, um tipo qualquer passe directamente de motorista do presidente a diretor. Aprecio e defendo a mobilidade social, tanto na sociedade como nas organizações. Acho fantásticas aquelas histórias do antigamente, de gente que chegava paquete aos 14 anos e saía presidente da empresa, aos 70.
Mas, francamente: de motorista do presidente a director do Departamento de Apoio aos Jogadores, faz-me alguma impressão. Preocupa-me mesmo!