Primeiro estranha-se, depois entranha-se... Que assim seja!
Será certamente insólito. É estranho, e estranha-se. Não sei se chegará a entranhar-se... Se funcionar, se resultar acabará, como tudo o que resulta, por entranhar-se...
Saturado, e farto de sucessivas ditaduras das maiorias absolutas, da tal estabilidade política que não me parece que nos tenha levado a lado nenhum, acho interessante esta coisa nova, insólita até, de um governo a discutir todas as semanas no Parlamento as leis que tem para aprovar. À sexta-feira, no dia a seguir às convencionais reuniões de conselho de ministros, todas as semanas, o governo vai discutir e negociar com os seus aliados da esquerda aquilo de que se faz a governação.
Toda a gente irá dizer que não resulta. Sei que é romantismo - não tenho dúvida nenhuma -, mas gostaria que resultasse. E que depois de se estranhar se entranhasse. É que a democracia é isto. Não é a ditadura da maioria!