Princípios e fins
Aconteceu no fim-de-semana, apenas ao fim do dia de ontem foi conhecido, e é hoje notícia do dia. Juan Carlos, o ainda rei emérito de Espanha, partiu para o exílio. Saiu do país pela porta pequena. Não, não tem a ver por onde saiu - pelos vistos pela Galiza, com passagem pelo Porto - mas pela forma como saiu. Com o rabinho entre as pernas...
A imprensa hoje entretém-se a adivinhar o seu destino. Não se percebe onde esteja o interesse, mas é assim. Há gente para quem é mais importante saber o destino que a origem. E não é por qualquer razão filosófica que possa defender que o que importa é onde se chega, não de onde se parte. Também não tem a ver com os fins a justificar os meios, porque aqui só há princípios e fins.
Na circunstância concreta do monarca, bons princípios a que faltaram princípios para bons fins. A princípio correu bem. Subiu ao trono na agonia do franquismo, assegurou a transição para a democracia e assegurou a impossível unidade nacional espanhola. Depois é que veio o diabo. Vestido de mulher, como tanta vez. E começou a faltar-lhe em princípios o que passou a sobrar-lhe em caça grossa...
Não importa para onde seguiu. Até porque reinará para onde quer que vá. E, como já há cinco séculos dizia John Milton, reinavam por cá os Felipes, é melhor reinar no inferno do que servir no céu!