Prova dos nove
Com Martinez, como com Fernando Santos, - e tão iguais que eles são! - a selecção joga bem, e joga mal, é de topo, ou simplesmente banal, conforme inclui, ou não, Cristiano Ronaldo. É assim, e vem sendo assim já há muito tempo.
Depois de um jogo miserável, e de um lisonjeiro 1-0, com a Eslováquia, três dias depois, uma exibição categórica, realmente ao nível dos jogadores de eleição de que dispõe, e a maior goleada da História da selecção portuguesa, com 9-0 ao Luxemburgo. Do 8 ao 80!
Os mais distraídos poderão pensar que o que mudou foi o adversário. Que a Eslováquia não é o Luxemburgo. A esses convém lembrar que o Luxemburgo era, no fim da quinta jornada, o segundo classificado do grupo. Atrás da selecção portuguesa, e à frente da eslovaca. E das restantes três. Que o Luxemburgo já não tem hoje uma selecção da quarta divisão europeia, como teve durante décadas.
Não. O que mudou é que, com a Eslováquia, o "melhor do mundo" jogou os 90 minutos do jogo, e viu um cartão amarelo - que teria sido vermelho se fosse outro qualquer jogador a entrar daquela forma sobre o guarda-redes adversário - que o impediu de jogar ontem com o Luxemburgo, no Algarve.
O que mudou, e o que muda sempre que nos últimos dois anos Cristiano Ronaldo não joga, é tão evidente que já nem o próprio pode deixar de ver.
A selecção portuguesa de futebol, e o país, devem, inegavelmente, muito a Cristiano Ronaldo. Já que a estrutura da Federação Portuguesa parece não se preocupar muito que isso seja esquecido, deveria ser o próprio Ronaldo, vendo o que não pode deixar de ver, a preservar o seu legado, e a defender a sua muito provavelmente inigualável História na selecção nacional. Para isso resta-lhe a oportunidade de anunciar a sua retirada, e acordar com a Federação uma despedida em grande, onde quer que seja (menos na Arábia Saudita, evidentemente!), num jogo entre a selecção nacional e um seleccionado internacional dos maiores jogadores das quase duas décadas que dividiu com Messi no trono do futebol mundial. E, já agora, que jogasse 10 minutos em cada uma das equipas para, por uma vez, jogar ao lado do rival e genial argentino.
Isso é que era bonito. Mas já se está a fazer tarde!