"Qual destas três palavras não compreendeu"?
"Não há dinheiro" - diz António Costa, rendido a Mário Centeno.
"Não há dinheiro" - dizia Vítor Gaspar há meia dúzia de anos, em pleno furacão da crise. Acrescentava-lhe ainda, dourando-lhe a dureza - "qual destas três palavras não compreendeu"?
Entre estes dois "não há dinheiro" não há apenas meia dúzia de anos. Há todo um mundo. Um mundo de coisas que faz com um não tenha nada a ver com o outro.
O "não há dinheiro" de Vítor Gaspar era literal. Simplesmente não havia dinheiro, nem onde o ir buscar. O país estava sob resgate, sem soberania e sem dinheiro. O "não há dinheiro" de Costa e Centeno não tem nada a ver. O país tem o mais baixo défice de sempre, paga os juros mais baixos de sempre, e dispõe de toda a margem de decisão para alocar os seus recursos.
O "não há dinheiro" de Costa e Centeno não é "não há dinheiro". É simplesmente "não há dinheiro para aquilo que vocês querem". É um "não há dinheiro" mentiroso. Há dinheiro, claro que há dinheiro, as prioridades para o gastar é que são outras que não as dos destinatários do "não há dinheiro". Que não são também os mesmos, antes pelo contrário - Vítor Gaspar dirigia-se à oposição; Costa e Centeno dirigem-se aos "suporters"!
Por isso, e só por isso, é que não lhe acrescentam a "arrogante" interrogação de Vítor Gaspar: "qual destas três palavras não compreendeu"? Mas a arrogância está lá toda na mesma...