Que coisa!*
Bem sei que o Papa Francisco está a chegar, que os pastorinhos estão a passar a santinhos, e que o dia é de fé e comoção. Bem sei que nunca é bonito falar de merda, e que é bem possível que hoje seja o pior dia para falar disso.
Mas a actualidade é o que é – podia dizer de maneira diferente, mas tento ser comedido – e também não podemos todos estar a falar do Papa, dos pastorinhos, ou da aparição, que afinal, 100 anos depois, já não precisa de ser aparição e se aguenta com o estatuto de visão.
E a actualidade que não passa por Fátima, passa por Caracas, onde a revolta merda – perdão: medra - a olhos vistos.
A Guarda Nacional venezuelana não se tem poupado a esforços para garantir a tranquilidade de Maduro, para que o homem possa dançar e beber uns copos sem ser incomodado. Carrega com tudo, ferindo e matando sem dó nem piedade, numa luta sempre desigual, com tanques, metralhadoras, jactos de água e bastões de um lado, e apenas pedras do outro.
Os manifestantes, maioritariamente jovens, como é normal, e fartos de levar porrada, acharam que tinham que queimar etapas, e saltar rapidamente da idade da pedra - literalmente - para a actualidade.
Encheram frascos de merda, chamaram-lhe "poopootov", e desataram a mandá-los para cima dos polícias. O sucesso foi ainda maior que o do Salvador Sobral na Eurovisão.
Mas durou pouco. Rapidamente o regime de Maduro acusou os manifestantes de batota. Essa é uma arma proibida!
O "poopootov", sentenciou a Inspetora Geral dos Tribunais da Venezuela, é uma arma biológica. E o uso de armas bioquímicas é um crime severamente punido!
Que merda!
PS: a imagem não deixa dúvidas sobre a sofisticação da arma, nem sobre a exigência dos procedimentos de artilharia.
* Da minha crónica de hoje na Cister FM