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Quinta Emenda

Tenho o direito de ficar calado. Mas não fico!

Quinta Emenda

Tenho o direito de ficar calado. Mas não fico!

Que falta de respeito...

Por Eduardo Louro

 

Depois de três anos a dizer, inclusive ao Tribunal Constitucional, que os cortes nos salários e pensões eram provisórios, e medida temporária para fazer face a uma situação de excepção, Pedro Passos Coelho, que se tornou primeiro-ministro igualmente depois de prometer que cortar salários e pensões era coisa que nunca faria, completamente fora de causa, declarou ontem na Assembleia da República, nessa excrescência da democracia que são os debates parlamentares quinzenais, que esses cortes são mesmo definitivos. Que nenhum português pense que voltará ao seu salário ou à sua pensão de 2011!

É claro que não havia praticamente um português que não soubesse disso. Já toda gente tinha percebido que o obejctivo era justamente esse: baixar salários o mais generalizadamente possível, cortar a economia, empobrecer o país e os portugueses. O governo desmentia sistematicamente essa a sua estratégia mas, ao mesmo tempo, dava já por adquirido que os portugueses já a tinham incorporado. E explorava essa resignação sem qualquer pudor…

Terá sido por isso mesmo, por excesso de confiança, que Passos Coelho deu ontem um passo que qualquer analista político considerará de tiro no pé. Não tinha, aparentemente, qualquer necessidade de se expor e fragilizar dessa maneira!

Mas fê-lo, e ao fazê-lo em plena Assembleia da República, num debate quinzenal do governo, nunca poderia passar em claro. Pelo que percebi, a deputada Catarina Martins não deixou que isso acontecesse. E disse que a palavra do primeiro-ministro não valia nada…

Rapidamente Passos Coelho armou um dos seus números. Fez-se vítima e invocou a sua honra e mesmo a do Parlamento para não dar nem mais uma resposta àquela deputada, o que provocaria mesmo o abandono do plenário por parte da bancada do Bloco de Esquerda.

Não faltou quem embarcasse no número do primeiro-ministro. E, uns por alguma inocência e outros por dever de ofício, muitos foram os que enfileiraram em sua defesa, dando por inaceitável a linguagem usada pela deputada.

Sejamos razoáveis. E mesmo honestos. Que adjectivos há para um tipo que em campanha eleitoral diz que salários, pensões, subsídios de natal e de férias são sagrados e, chegado ao poder, desata a cortar neles a torto e a direito? Que vai dizendo que é apenas uma emergência, que logo serão repostos, mas que depois diz que nada disso, que nunca mais os verão de volta?

Será que alguém encontra algum menos excessivo que a expressão usada pela deputada?

O mínimo que se poderá dizer de um tipo desses é que não tem palavra. Ou que a que tem não vale nada!

Então um chefe do governo diz no Parlamento, a que deve resposta, exactamente o contrário do que tem andado a dizer, isto é, confirma ele próprio que andou sempre a mentir, e ninguém tem nada a dizer. Ninguém lhe diz que é mentiroso. Que não tem palavra?

Dizer-lhe Isso é desrespeitoso? Mas mentir, enganar, ludibriar é certamente altamente respeitoso!

Como se pode dar ao respeito quem nada respeita? Francamente…

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