Que saudades das transições...
O treinador do Tondela tinha prometido jogar fechado lá atrás, confirmou essa intenção apresentando a equipa num cinco-quatro-um, pelo que o início do jogo não desiludiu essas expectativas.
Logo que o habilidoso Hugo Miguel deu o apito inicial o Tondela encostou-se à sua baliza e o Benfica não saiu de cima da área contrária. Boa circulação de bola, mas invariavelmente com o jogo a afunilar para a zona central, superpovoada por defesas tondelenses. E quando a bola chegava às alas, pouca presença dentro da área (Taarabt é apenas mais uma experiência falhada para o papel de segunda avançado), um monopólio dos defesas do Tondela. De sufoco, só o facto de a bola não passar da linha do meio campo para a metade do relvado à frente da baliza de Odysseas. Na verdade, situações de perigo para a baliza de Cláudio Ramos, nem em cheiro.
Por volta dos 10 minutos, e por duas vezes consecutivas, a bola passou para o lado de lá e surgiram as duas única ocasiões de golo. Que o guarda-redes do Benfica anulou, na primeira reduzindo o espaço e defendendo com a bola com um pé e, na segunda, com uma grande defesa para canto.
Até ao golo do Benfica, aos 19 minutos, por Ferro, na sequência de um canto, que por sua vez aconteceu na sequência do primeiro remate a sério (Pizzi), o jogo manteve a mesma toada, com o Benfica a circular a bola, e o Tondela a todo lá atrás. Esperava-se que a partir daí se alterassem por completo as permissas do jogo, e que o adversário abrisse definitivamente o seu jogo. A verdade é que, mesmo que na resposta oTondela tivesse criado a sua terceira - e última - oportunidade de golo, o jogo não mudou de imediato. Foi mudando aos poucos...
À medida que foi mudando, que o adversário mais subia, o jogo ia ficando mais de feição para o Benfica. Mas não para este, para o outro, desaparecido há quase três meses, que fazia das transições o trunfo maior do seu futebol.
Este Benfica não consegue sair rápido para o ataque, os jogadores que têm a bola têm sempre mais uma volta a dar, e os que a não têm parece que estão presos por estacas.
A segunda parte foi exactamente isto, essa incapacidade de aproveitar o que um jogo mais repartido dava. E daí um espectáculo pobrezinho, na maior parte do tempo um jogo sem balizas. Da parte do Benfica, apenas dois remates, ambos de Chiquinho - um regresso que se saúda - que entrou já na segunda metade da segunda parte, para o lugar do apagado Taarabt. Do Tondela, nem um!
Mais um jogo que não abafa as saudades do Benfica desaparecido, e que vale pelo resultado. A 13ª vitória consecutiva fora de casa. Para o campeonato interno, obviamente!