"Quem gosta de futebol, gosta do Benfica"
Roger Schemidt assinou ontem o contrato para treinar o Benfica nos próximos dois anos. É o treinador do Benfica, e por isso o meu treinador.
Nem sempre tem sido assim. Muitos foram os treinadores do Benfica que não reconheci como meus. O último foi ... o penúltimo. Mas outros houve: Pál Csernai, Ebbe Skovdahl, Ivic, Artur Jorge, Graeme Souness, Yupp Heynckes, que me lembre assim de repente ...
Mas neste caso é, assumo-o. Não seria a minha primeira escolha, mas não me cabe a mim fazer essas escolhas. Mas, tendo outras preferências e todas elas ou indisponíveis ou inacessíveis, parece-me uma boa escolha. É um treinador alemão, e os treinadores alemães estão na moda. Não tem no seu currículo nem muitos, nem grandes títulos, é verdade.
Mas os que cá chegaram com mais, e mais sonantes, títulos foram dos piores que nos calharam: Heynckes e Artur Jorge. O alemão - também alemão, mas de outros tempos - chegou cá carregado de títulos nacionais - na Alemanha e em Espanha - e com dois títulos europeus. Trazia no currículo o Borússia de Monchengladbach, dos bons velhos tempos, com uma Taça UEFA; o Bayern de Munique com dois campeonatos (onde regressaria para conquistar mais dois e uma Champions); e o Real Madrid com uma Supertaça Espanhola e uma Champions, ainda fresquinha. Já tinha ganhado tudo o que havia para ganhar. O português - o "Rei Artur", como lhe chamavam, com Porto, Racing de Paris e PSG no currículo, também já tinha ganhado tudo o que havia para ganhar em Portugal e em França, e até campeão europeu tinha também sido.
Foram os piores, ficaram a marcar os piores anos da História do Benfica, e foram escolhas das duas das três mais ruinosas presidências do Benfica.
Não é pois por ter poucos títulos no currículo que se deve pôr em causa a probabilidade de sucesso de Roger Schemidt no Benfica, por muitos que sejam - e são - os problemas no clube. O treinador é, neste momento, o menor deles. Diria até que, se os problemas do Benfica fossem de treinador, estariam resolvidos. Não são, e estão por isso longe de estar resolvidos.
E diria também que, se o sucesso do treinador dependesse da empatia com os adeptos, estaria garantido. Chegou e conquistou os benfiquistas com uma frase: "Quem gosta de futebol, gosta do Benfica"!
Espalhou simpatia, elogiou tudo o que viu, e manifestou o prazer que é trabalhar num dos maiores clubes do mundo. Mas foi com aquela frase que conquistou os benfiquistas. Bem diferente da fanfarronice de meia tigela do "vamos arrasar e jogar o triplo"!
Benvindo Roger Schemidt. E bom trabalho!