Rafa não merecia a incompetência de Jesus
Depois de falhado o acesso à Champions, de perdida a Supertaça, de perdida a Taça da Liga, e de perdido o campeonato, o Benfica acaba de ficar também de fora da Liga Europa, logo na primeira vez a eliminar. Tudo o que havia de objectivos esta época foi irremediavelmente pelo cano abaixo.
Para que não sejam falhados todos os objectivos, a Direcção, através do seu lastimável aparelho de (des)informação, fixa agora como objectivo atingir a final da Taça. A meio da eliminatória que decide esse acesso com uma equipa da II Divisão, e com uma vantagem de 3-1 conquistada no primeiro jogo, fora, o objectivo definido pela Direcção de Vieira é chegar à final. Não é ganhar o único título que pode conquistar!
Começo por aqui porque esta é a ideia que salta deste jogo em Atenas, casa emprestada do Arsenal para a segunda mão desta (primeira) eliminatória da Liga Europa, que dava o acesso aos oitavos de final da competição. O conformismo e a falta de ambição, e as fasquias rentes ao chão, é o que ressalta deste jogo.
Percebeu-se que apenas se buscava uma derrota honrosa (como se houvesse disso), que permitisse uma espécie de vitória moral com que Jorge Jesus pudesse manter a narrativa da sua irresponsabilidade. Daí que diga que "fizemos um grande jogo".
Não fizeram, nem nada que se pareça. E, pior, quando o jogo lhe ofereceu a possibilidade de o ganharem, e de eliminarem o Arsenal, transformado em gigante pela narrativa de Jesus, tratando o 11º classificado da liga inglesa numa das maiores equipas de Inglaterra, ficaram surpreendidos, sem saber o que fazer.
Durante toda a primeira parte a equipa não finalizou uma única jogada de futebol corrido. Fez dois remates em lances de bola parada. O primeiro aos 35 minutos, numa cabeçada de Vertonghen em resposta a um livre cobrado na direita por Pizzi; e o segundo naquele fantástico livre directo surpreendentemente cobrado por Diogo Gonçalves, que deu no golo do empate, em cima do intervalo.
Em todo o jogo o guarda-redes do Arsenal não fez uma defesa. Uma única. O Benfica fez dois golos nos dois únicos remates enquadrados com a baliza. E só fez mais três remates, todos para fora. Tantos quantas as faltas que fez em todo o jogo, para se ter a ideia da forma como a equipa encarou o jogo. O Arsenal, que pelo seu futebol faz poucas faltas, fez dez!
Isto diz bem do que foi a "grande exibição" que Jorge Jesus reivindica. Não ter sido massacrado, para o treinador do Benfica, foi suficiente.
E no entanto o Benfica teve, primeiro, a vitória na mão e, depois, a eliminatória. E tudo foi cano abaixo, como tem vindo a acontecer ao longo da época. Quando Rafa - o único jogador com o dínamo carregado, e que não merecia de todo este desfecho - fez o segundo golo (caído do céu, é certo, mas era o único que poderia fazer aquele golo), pelo que o Arsenal mostrava, abriram-se as portas da vitória, no jogo e na eliminatória. Que Jorge Jesus não soube manter abertas.
Desde logo com as substituições, ainda antes de esgotado o primeiro quarto de hora da segunda parte, e pouco antes do golo de Rafa. Justificar-se-ia a troca de Seferovic por Darwin que, apesar do seu péssimo momento de forma, é mais adequado àquela função de sozinho lá na frente. É fisicamente mais forte, e mais expedito no remate. Mas as trocas de Taarabt (com o único amarelo do jogo, e desde bem cedo, logo aos 4 minutos, mas se o Benfica não fez faltas...) por Gabriel, e de Pizzi pela nulidade Everton, especialmente esta, foram desastradas.
Tudo o que Everton fez foi participar que nem um juvenil no segundo golo do Arsenal, um daqueles golos que já não se usam.
O golo da vitória do Arsenal, a três minutos do 90, não foi mais uma crueldade do futebol, como muitos querem fazer crer. Foi apenas uma inevitabilidade na incompetência de Jorge Jesus. Que Rafa não merecia. Nem porventura Weigl, Vertonghen e Otamendi.