"Resolver os problemas da vida das pessoas"
A expressão surgiu no espaço do comentário político, que alimenta uma larga casta de políticos, jornalistas e espécies afins, e rapidamente se tornou "mainstreaming". "Resolver os problemas das vidas das pessoas” entrou no léxico da política que está na moda.
Foi usado e abusado na campanha eleitoral. Na tomada de posse do governo, ou na apresentação e discussão do seu programa. É moleta para tudo, e para todos, seja a que propósito for. E é a saída para a resposta a qualquer pergunta mais incómoda. São muito poucas, mas de vez em quando lá surge uma.
Ainda há pouco, questionado - nem sei bem a que propósito, mas tinha a ver com mais umas insistências do Ventura - sobre o “não é não”, Hugo Soares, já na qualidade de líder parlamentar do PSD, limitou-se a despejar que o que importa é "resolver os problemas das vidas das pessoas”. Não importa que problemas, nem de que vidas, nem de que pessoas.
Na verdade é apenas um novo "sound byte" que pretende fazer crer que há uma nova forma de "fazer política" que não precisa de ideias. Que o tempo das ideias já passou, esmagado pelo novo tempo do pragmatismo.
Não é assim. Este "sound byte" nega as ideias mas afirma uma ideologia. "Resolver os problemas das vidas das pessoas” é todo um manual ideológico. E nem sequer é um novo paradoxo. É bem velho, por sinal.
Tão velho que há muita gente que já não se lembra dele!