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Quinta Emenda

Tenho o direito de ficar calado. Mas não fico!

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Tenho o direito de ficar calado. Mas não fico!

Ritual perigoso

Expresso | Estado de emergência: Marcelo preocupado com a “perceção” sobre  o congresso do PCP. Conheça as novas medidas em cima da mesa

Os orçamentos devem ser aprovados por si próprios. Pelo que valem, pelo que aportam ao país e aos portugueses. Não por medo de eleições. E se for por razões de estabilidade política, leia-se de manter o status quo, como pretende o Presidente Marcelo, então que apele ao centro do sistema político.

Marcelo, e o mainstream, entende que a estabilidade deve ser garantida à custa do medo de eleições. Ora, parece-me que isso é a negação do sistema democrático, e um apelo à máxima do faz de conta que há muitos anos impera na sociedade portuguesa, com os resultados que se conhecem.

Nesta narrativa os maus da fita são sempre os partidos mais à esquerda ou, na mesma narrativa, da extrema esquerda. Nunca o PS, nem António Costa. Que partiu para a geringonça por interesses próprios, a fazer de conta que abria um ciclo nunca experimentado de uma experiência governativa à esquerda.

Na primeira legislatura a experiência funcionou. Porque o país vinha de quatro anos de garrote, imposto pela troika e aplicado por um governo ideologicamente disposto a ir para além dela e, com a economia com condições para crescer, havia muito do perdido para repor. Era fácil encontrar consensos numa agenda com tanta coisa para recuperar.

Esgotada essa agenda, esgotada a legislatura e ganhas as novas eleições, António Costa e o PS decidiram não repetir a experiência. E recusaram qualquer esforço de entendimento à esquerda para assegurar a estabilidade governativa, ao mesmo tempo que descartavam qualquer hipótese à sua direita. Porque entenderam, não sem alguma arrogância, que lhes bastaria essa declaração e agitar o papão do regresso da direita ao poder.

E pensaram, PS e Costa, que bastaria proclamar que governavam à esquerda, e negociar à la carte a aprovação de cada orçamento. Se não fosse possível com uns e outros, ora com uns, ora com outros. E, assegurada a aprovação, ir mantendo numa gaveta bem fechada os compromissos antes assumidos. 

E foi assim que apenas num ano, e num único orçamento, chegamos aqui. Ao ponto em que hoje estamos.

E voltamos à narrativa do main stream: os partidos da esquerda são irresponsáveis, só querem despesa, estão-se nas tintas para o défice e para a dívida, e são os responsáveis pela crise política que aí vem. Como se ela aí não estivesse há muito!

Mas está. Está desde que António Costa aproveitou essa mesma esquerda para chegar ao poder, sem perceber que teria de encontrar consenços sérios, e para levar a sério, de governação. E não teria sido assim tão difícil, bastar-lhe-ia assumir os compromissos que queria e poderia cumprir. E depois cumpri-los!

Fez tudo ao contrário, e não poderia ter chegado a outro destino que não este. Em que as eleições, lá ao fundo da reta, são o precipício para que todos correm a louca velocidade. Nenhum lá quer precipitar-se mas, como nos filmes da especialidade, ninguém pode ser o primeiro a travar.

Nunca este ritual foi tão perigoso!

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