Rombos e fitas
No primeiro jogo sem Krovinovic o Benfica regressou a tempos bem recentes, que se julgavam ultrapassados. Ao tempo de uma equipa sem sorte, mas também sem muito fazer por ela. De jogadores sem chama, e de um treinador sem rasgo e sem capacidade de revolta.
Desde cedo se percebeu que iria ser assim. E durante todo o jogo se foi percebendo que as coisas iriam correr como acabaram por correr. Foi, nesse aspecto, um jogo previsível. Mesmo que com muita história. E com muito vento, como é frequente no Restelo.
Era um dérbi, e os dérbis têm sempre alguma coisa de especial, mesmo este, que o Benfica ganhava consecutivamente há 10 anos. Logo de início o Belenenses mostrou ao que vinha, e que as palavras do seu novo treinador antes do jogo não eram só basófia. Muita agressividade, muita pressão sobre a bola, quando não a tinha, e jogadores muito juntos para a poder trocar quando a recuperava. Com isto, ganhava todos os ressaltos e todas as segundas bolas, e colocava o jogo a seu jeito.
Na primeira parte, só depois dos 10 minutos, e durante perto de um quarto de hora, o Benfica pareceu capaz de impôr o seu futebol, aquele que tem vindo a mostrar. Depois, voltou ao eclipse.
Na segunda parte foi diferente. Mesmo sem nunca atingir - nem perto disso - a qualidade e o caudal ofensivo dos últimos jogos, o Benfica criou oportunidades mais que suficientes para ganhar. Mas as coisas não correram bem. Um ou dois penaltis por marcar e quando, ao terceiro, foi finalmente assinalado, Jonas desperdiçou. É certo que o "fiteiro" guarda-redes de Belém saiu da linha de baliza muito antes de a bola partir, e que o penalti deveria ter sido repetido. Mas também é certo que, pela forma como Jonas partiu para a bola, se percebeu logo que a coisa não ia correr bem.
Seguiram-se ainda mais três oportunidades flagrantes (é curioso, e revelador, que as estatísticas da Sport TV tenham dado duas oportunidades e um golo para cada lado). Todas falhadas, a apelar àquela velha máxima do futebol: "quem não marca, sofre". E assim foi, mas vale a pena contar como foi.
Quando o Benfica saía em mais uma vaga de ataque, o - mais uma vez - fiteiro guarda-redes do Belenenses deitou-se no chão. Quando a bola já ia a caminho da sua baliza, o árbitro parou o jogo. Claro que o jogo não pode continuar com o giuarda-redes no chão, mas não é comum ver, do nada e sem nada, como se confirmou, um guarda-redes deitar-se no chão quando o adversário vai para a sua baliza. Depois de largos minutos de "fita" o jogo recomeçou, com bola ao solo, naturalmente. Que os rapazes de azul, com todo o fair play, e ao contrário do que os do Benfica sempre tinham feito (entregaram a bola ao guarda-redes, ao "fiteiro") mandaram-na pela a linha lateral, lá muito à frente, ali bem à beirinha da grande área do Varela. E pronto - lançamento, defesa encarnada a dormir, e golo. Ao minuto 86!
No último minuto e no último lance, numa notável cobrança de um livre, Jonas marcou o golo do empate. Qua salvou a equipa da derrota, mas que não deve ter dado para muito mais. Aquilo que era a forte convição benfiquista no penta levou hoje um forte rombo.
Pelo resultado e por tudo. Até pela falta de resposta à ausência de Krovinovic!